A exploração de petróleo na Bacia do Etosha-Okavango, em Angola, levanta preocupações entre ambientalistas e defensores dos direitos humanos quanto ao impacto ambiental e ao futuro das próximas gerações.
Uma notícia datada de 17 de março da Agência Angola Press (ANGOP) dá conta da assinatura de um memorando de entendimento, em Luanda, para a exploração do potencial petrolífero da Bacia do Etosha-Okavango.
O documento foi assinado entre a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG) e o grupo empresarial vietnamita Xuân Thiên (XTG). O memorando contempla também a realização de um estudo aprofundado para a obtenção de dois mil quilómetros de dados sísmicos 2D, num período de três anos, renovável.
Segundo o ambientalista Jerónimo António, investigador da área ambiental na província do Cunene, o grande problema não é apenas a exploração de um recurso como o petróleo, mas sim a ausência de um estudo sério de impacto ambiental, que possa prevenir males maiores para as gerações futuras.

Acordo de exploração de hidrocarbonetos na Bacia de Okavango
A Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG) rubricou, esta quinta-feira (17), um Memorando de Entendimento com a empresa canadiana Reconnaissance Energy Africa Ltd., para a promoção de actividades de exploração e desenvolvimento económico dos recursos de hidrocarbonetos na bacia de Etosha-Okavango.
O acordo, segundo uma nota de imprensa, insere-se na estratégia da ANPG voltada para a dinamização das bacias sedimentares interiores e atracção de investimento estrangeiro qualificado para o sector de petróleo e gás nacional.
Nos termos do Memorando de Entendimento assinado, são atribuídos à ReconAfrica direitos exclusivos por um período de 24 meses, com um plano de implementação dividido em duas fases, sendo a primeira de actividades técnicas e levantamento de dados e a segunda fase de aprofundamento das análises.
As bacias internas do país, especialmente as do Etosha e Okavango, têm vindo a revelar, através de diversos estudos geológicos e geofísicos, um considerável potencial em hidrocarbonetos.
O ambientalista Jerónimo António alerta, contudo, para a necessidade de proteger a biodiversidade, lembrando que essa é uma tarefa que exige racionalidade.
A zona do Okavango é também palco do projecto turístico transfronteiriço de conservação KAZA Okavango-Zambeze.
O ambientalista deixa um alerta aos governantes da África Austral: “A população da África Austral não pára de crescer e, por isso, a necessidade de terras aráveis será cada vez maior. Temos um grande desafio na região”, concluiu.