O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, apelou esta quinta-feira, em Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais, à mobilização popular contra o que considera ser um risco real de o Congresso Nacional aprovar uma amnistia que poderá beneficiar Jair Bolsonaro e outros envolvidos nos ataques de 8 de Janeiro de 2023.
Durante um encontro com activistas e moradores do Aglomerado da Serra, uma das maiores comunidades da cidade, Lula reconheceu que “a extrema-direita tem muita força ainda” e sublinhou que a luta contra eventuais retrocessos democráticos “tem que ser feita também pelo povo”.
“É um momento em que a gente precisa politizar nossas comunidades”, afirmou.
O alerta do chefe de Estado surge numa altura em que crescem as pressões de aliados do ex-Presidente para que o projeto de amnistia seja colocado em votação.

Entre os articuladores está o governador de São Paulo, Tarcísio Freitas, apontado como potencial candidato da direita às eleições presidenciais de 2026.
Na quarta-feira, Freitas reuniu-se com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, que garantiu à imprensa local que “não há ainda nenhuma definição”, mas admitiu estar “sempre ouvindo o colégio de líderes nessas pautas”.
Hoje, Motta tem encontro marcado com o líder do Partido Liberal, a sigla de Bolsonaro, reforçando a pressão política sobre o tema.
O projecto em discussão prevê uma amnistia “ampla, geral e irrestrita”, que beneficiaria não apenas os radicais já condenados pela invasão das sedes dos Três Poderes, em Brasília, como também o próprio Bolsonaro.
Paralelamente, o Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou esta semana a fase final do julgamento do ex-Presidente e de sete dos seus principais aliados, acusados de tentativa de golpe de Estado e outros crimes, incluindo participação em organização criminosa armada.
O grupo, conhecido como “Núcleo Crucial”, poderá enfrentar penas que ultrapassam os 40 anos de prisão.
Nas primeiras duas sessões do julgamento, realizadas na segunda e na terça-feira, foram apresentadas as defesas dos oito réus.
A votação dos cinco juízes da Primeira Turma do STF está agendada para os dias 9, 10 e 12 de Setembro. A decisão, a ser tomada por maioria, poderá ainda ser objecto de recursos ao plenário do Supremo.
Perante este cenário, Lula reforçou a necessidade de vigilância e participação popular para impedir que o Congresso aprove a medida de perdão colectivo.
“Se for votar no Congresso, nós corremos risco da amnistia ”, advertiu.

