A Líbia alberga uma notável obra de engenharia denominada o Great Man-Made River (Grande Rio Artificial), que consiste num enorme sistema subterrâneo de canais, reservatórios e tubagens destinado a transportar água doce de aquíferos profundos do deserto para as regiões costeiras.
Foi concebido nas décadas de 60-70 do século XX, e a construção iniciou-se em 1984. O principal objectivo foi suprir a escassez de água potável nas zonas do norte da Líbia, muito pouco abastecidas por chuvas e saturadas de uso costeiro crescente.
A água é obtida dos aquíferos do sistema Nubian Sandstone, reservatórios subterrâneos de “água fóssil” que se acumulou durante eras geológicas e cujas reservas não se renovam ao ritmo da extração. A água é bombeada de poços profundos (em muitos casos cerca de 500 metros) situados no sul do país, como os campos de Sirir e Tazerbo, ou no deserto de Al-Kufra.
O sistema inclui dezenas ou centenas de poços, milhares de quilómetros de tubagens enterradas, estações de bombeamento, reservatórios e outros equipamentos de manutenção.
A capacidade actual de produção varia conforme fases concluídas e manutenção; há planos oficiais recentes para reparar poços inactivos, reabilitar reservatórios, aumentar o caudal e estender o alcance do sistema para servir mais cidades.
O sistema já consegue produzir cerca de 6,5 milhões de metros cúbicos de água por dia quando estiver completamente operacional, cobrindo várias fases do projecto.

O projecto tem sido fundamental para o abastecimento de água potável, irrigação e apoio ao desenvolvimento agrícola nas faixas costeiras. Contudo, enfrenta desafios: manutenção frequente, danos por sabotagem, necessidade de manutenção de poços inactivos, problemas logísticos e segurança.
O Great Man-Made River é uma das mais ambiciosas obras hídricas do mundo, uma infra-estrutura crucial para a Líbia, que procura garantir água para milhões de pessoas num ambiente desértico.