O governo do Chade anunciou o fim da sua colaboração com a organização African Parks, uma entidade de conservação ambiental sem fins lucrativos sediada na África do Sul e conhecida pelo seu trabalho em várias áreas protegidas do continente africano.
A decisão, comunicada oficialmente pelo Ministério do Ambiente e da Pesca do Chade, foi justificada com alegações de má gestão, incumprimento de acordos e falhas na protecção da fauna local.
De acordo com o comunicado governamental, a African Parks não conseguiu atingir os objectivos definidos no contrato de gestão das reservas naturais de Zakouma, Siniaka-Minia e Bahr Salamat.

O executivo chadiano acusou a organização de não combater de forma eficaz a caça furtiva, de ter subinvestido em infra-estruturas e de não ter assegurado o envolvimento adequado das comunidades locais nos projectos de conservação.
A African Parks, por sua vez, expressou “profunda surpresa e tristeza” com a decisão. Em nota publicada no seu site oficial, a instituição afirmou que sempre actuou de forma transparente, com investimentos significativos em segurança e no desenvolvimento sustentável das regiões sob a sua gestão.
A organização acrescentou que os seus programas contribuíram para o aumento das populações de elefantes e para a redução do tráfico ilegal de marfim na região, resultados reconhecidos por entidades internacionais de conservação.
A parceria entre o Chade e a African Parks teve início em 2010, com o objectivo de restaurar e proteger ecossistemas críticos ameaçados pela caça furtiva e pelas alterações climáticas.
O país, localizado na África Central, é sem saída para o mar e faz fronteira com a Líbia (a norte), Sudão (a leste), República Centro-Africana (a sul), Camarões e Nigéria (a sudoeste) e Níger (a oeste).
A capital é N’Djamena, situada perto da fronteira com os Camarões. Grande parte do seu território é composta por savanas e desertos, incluindo o Deserto do Saara no norte, e o país é atravessado pelo Lago Chade, uma das suas principais referências geográficas, hoje fortemente afectado pela seca e pelas alterações climáticas.
Apesar do rompimento, o governo chadiano assegurou que continuará empenhado na protecção da vida selvagem e no desenvolvimento de políticas de conservação ambiental. Segundo o Ministério do Ambiente, será criado um novo modelo de gestão nacional, com supervisão directa do Estado e apoio de parceiros internacionais.
Fontes oficiais do governo do Chade e da African Parks confirmaram que as negociações sobre a transferência de responsabilidades administrativas e operacionais já estão em curso, de forma a garantir a continuidade dos projectos em andamento e a segurança das equipas no terreno.
A decisão representa um retrocesso nas iniciativas de cooperação internacional em matéria de conservação, num momento em que a África enfrenta desafios crescentes relacionados com a perda de habitats naturais, as alterações climáticas e o crescimento populacional.
Ainda assim, o Chade afirma que pretende reforçar o controlo soberano sobre os seus recursos naturais e consolidar uma política ambiental baseada nos interesses nacionais.