RedacçãoPelo menos 121 pessoas morreram e 113 foram detidas durante uma megaoperação das Polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro contra a facção criminosa Comando Vermelho, realizada na terça-feira, 28 de Outubro, nos Complexos do Alemão e da Penha, zonas de maior influência do grupo na capital fluminense.
Segundo informações oficiais divulgadas pela Polícia Civil, entre os mortos estão quatro agentes das forças de segurança.
Desde a madrugada de quarta-feira (29), moradores do Complexo da Penha levaram pelo menos 55 corpos até à Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, um dos principais acessos da região, em protesto contra a violência e para exigir esclarecimentos sobre as vítimas.
A operação, considerada “bastante sangrenta” pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, provocou forte repercussão dentro e fora do Brasil. O governante lamentou o elevado número de mortes, sublinhando que o combate ao crime organizado deve ser feito com planeamento, inteligência e coordenação, e não apenas com força bruta.
Em nota conjunta, o Ministério Público Federal (MPF) e a Defensoria Pública da União (DPU) exigiram explicações formais ao governador Cláudio Castro, que deverá demonstrar que não existiam meios menos gravosos para atingir os objectivos da operação.
O governador também terá de comprovar o cumprimento das determinações do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito da ADPF 635, que estabelece um plano de redução da letalidade policial no estado.
O Comando Vermelho, principal alvo da ofensiva, é uma das maiores facções criminosas do Brasil, com forte actuação no tráfico de drogas e armas. Fundada na década de 1980, a organização nasceu no interior das prisões brasileiras, quando criminosos comuns e militantes políticos foram colocados juntos durante a ditadura militar, originando uma rede que hoje actua em várias regiões do país, incluindo a Amazónia.
Com este episódio, o Rio de Janeiro volta a ser palco de uma crise de segurança pública marcada pela violência e por denúncias de abusos policiais, num cenário que reacende o debate sobre a necessidade de reformas profundas nas estratégias de combate ao crime organizado.
