A presidente da Tanzânia, Samia Suluhu Hassan, tomou posse nesta segunda-feira (3), em cerimónia restrita e sob fortes medidas de segurança, após uma eleição contestada marcada por protestos violentos e acusações de fraude eleitoral.
A cerimónia decorreu em Dodoma, capital administrativa do país, e contou apenas com autoridades e convidados oficiais, uma mudança significativa em relação às posses anteriores, tradicionalmente realizadas em estádios abertos ao público.
A Comissão Eleitoral Nacional declarou Hassan vencedora com 98 por cento dos votos, resultado rejeitado pelo principal partido da oposição, o Chadema, que denunciou “graves irregularidades” e exclusão de candidatos opositores. Entre eles, Tundu Lissu, líder do Chadema, encontra-se preso há vários meses, acusado de traição, enquanto Luhaga Mpina, do ACT-Wazalendo, foi impedido de concorrer.
Desde o anúncio dos resultados, o país tem vivido fortes tensões sociais. Cidades como Dar es Salaam, Shinyanga e Morogoro registaram protestos massivos, com relatos de confrontos entre civis e forças de segurança. Segundo o Escritório de Direitos Humanos da ONU, há indicações confiáveis de pelo menos dez mortos, embora fontes locais apontem para centenas de vítimas, números ainda não confirmados oficialmente.

A internet permanece bloqueada desde o dia das eleições, dificultando o acesso a informações e restringindo a comunicação dentro e fora do país.
A crise também afectou a economia e a mobilidade regional. A fronteira com o Quénia, em Namanga, foi fechada, deixando centenas de caminhões com produtos agrícolas imobilizados há mais de seis dias.
Apesar da instabilidade, a cerimónia de posse contou com a presença dos presidentes de Moçambique, Zâmbia, Burundi e Somália. O presidente do Quénia, William Ruto, apelou ao diálogo e à calma, pedindo aos tanzanianos que preservem a estabilidade nacional.
Organizações internacionais e grupos de direitos humanos pedem investigações independentes sobre as mortes e alegações de repressão policial. Enquanto isso, o governo de Hassan insiste que a situação está “sob controlo”, e acusa a oposição de tentar “instigar o caos e descredibilizar o processo democrático”.

