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Angola merecia Prémio Nobel da Paz pela “experiência extraordinária” pós-guerra

O chefe de Estado timorense destacou igualmente o papel de Angola na causa de Timor-Leste e a luta heróica e os progressos do país africano nos últimos 20 anos

O Presidente de Timor-Leste disse hoje, em Luanda, que a “experiência extraordinária” de Angola após a guerra civil, com a integração das forças armadas, reconciliação e não perseguição aos adversários, deveria ser galardoada com o Prémio Nobel da Paz.

De acordo com José Ramos-Horta, Angola e Moçambique são grandes exemplos de reconciliação, e Angola detém uma extraordinária experiência pós-guerra, com a integração das forças armadas e a aceitação dos resultados por parte dos derrotados.

“Os derrotados aceitam integrar o país, não houve perseguições e por isso penso que os dirigentes angolanos deveriam ter recebido o Prémio Nobel da Paz pelo que todos fizeram após a guerra aqui”, disse José Ramos-Horta, durante uma palestra proferida na Academia Diplomática Venâncio de Moura (ADVM), em Luanda.

Aos jornalistas, o chefe de Estado timorense destacou igualmente o papel de Angola na causa de Timor-Leste e a luta heróica e os progressos do país africano nos últimos 20 anos, salientando a reconciliação e a “luta dura e difícil” para o desenvolvimento equitativo do país.

“Eu diria que o autor de todo esse processo foi José Eduardo dos Santos [ex-presidente angolano que morreu há dois anos], foi ele que recebeu o país a seguir à morte de Agostinho Neto [primeiro Presidente de Angola] e abordará os desafios da guerra e assinará a paz”, respondeu à Lusa.

Destacou-se também a figura do actual Presidente angolano, João Lourenço, e de tantos outros dirigentes angolanos como partes de toda a arquitectura da paz em Angola após a guerra civil e a consequente reconciliação com a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido na oposição angolana.

José Ramos-Horta, que cumpriu o segundo dia de visita de Estado a Angola, foi o orador desta palestra, que decorreu na ADVM sob o lema: “Timor-Leste, a Região e o Mundo”.

Segundo o Presidente timorense, hoje o seu país, que vive 22 anos de restauração após a desanexação da Indonésia, é livre graças a Angola, aos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa e a Portugal e Brasil, “que sempre apoiaram a causa de Timor”.

“Daí a importância da diplomacia e do multilateralismo”, frisou, acrescentando que o país do sudeste asiático vive hoje em total paz, tranquilidade e sem quaisquer etnias e religiões.

“Todos os cidadãos gozam do mesmo direito, não temos crime organizado, tráfico de drogas, cartéis, aliás, não temos crime organizado porque pela nossa natureza também não somos organizados e os criminosos também não têm organização”, notou, arrancando sorrisos da plateia, composta maioritariamente por estudantes de relações internacionais.

Ramos-Horta declarou que Timor-Leste “tem falhado” na luta contra a pobreza extrema, tendo inaugurado nos próximos quatro anos o Governo do país resolveu em definitivo a “ignóbil” pobreza, a mortalidade infantil e a subnutrição.

Ramos-Horta assinou também o papel do exército indonésio na aceitação do referendo a favor da democracia no país vizinho e, por conseguinte, para o processo de restauração de Timor-Leste.

“A nossa primeira responsabilidade é manter a paz e a estabilidade no nosso país, criar melhores promessas para o povo e contribuir para o diálogo a nível da região”, exigindo, defendendo a necessidade de “diálogo urgente” entre todas as partes para a paz em Myanmar.

O Presidente de Timor-Leste deu ainda “nota 10” a visita que efetuou a Angola e a que fez, recentemente, a Moçambique, países com os quais as relações “estão no topo”.

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