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Waldemar Bastos: Um Legado de Música e Resistência

Waldemar dos Santos Alonso de Almeida Bastos, conhecido como Waldemar Bastos, foi uma figura emblemática da música angolana. Nascido a 4 de janeiro de 1954, em M’banza Kongo, na província do Zaire, Angola, Bastos cresceu em um ambiente marcado pela influência de tradições culturais ricas e diversificadas, que mais tarde viriam a moldar a sua música.

A música de Waldemar Bastos é profundamente enraizada nas tradições angolanas, mas também transcende fronteiras, fundindo estilos e influências africanas, portuguesas e globais. Ele começou a sua carreira musical ainda jovem, quando aprendeu a tocar guitarra de ouvido, sem qualquer formação formal, uma habilidade que se tornaria a sua marca registada. A sua música não é apenas uma expressão artística, mas também uma ferramenta de resistência e de expressão das dores e das alegrias do povo angolano.

Durante a Guerra Civil Angolana, Waldemar Bastos foi obrigado a exilar-se, primeiro em Portugal e mais tarde em outros países europeus. Este período de exílio não só moldou a sua música, conferindo-lhe um tom de saudade e de esperança, mas também fortaleceu a sua determinação em usar a música como uma forma de protesto e de união.

Em 1983, lançou o seu primeiro álbum, Estamos Juntos, que rapidamente o catapultou para a fama. Com o tempo, Waldemar Bastos foi reconhecido como um dos maiores embaixadores da música angolana, recebendo inúmeros prêmios e honrarias, tanto em Angola quanto internacionalmente. O seu álbum de 1997, Pretaluz, foi aclamado pela crítica, e a revista Rolling Stone o descreveu como “uma obra-prima que transcende o tempo e o espaço”.

A sua música é uma fusão de semba, kizomba, merengue, e outros ritmos tradicionais angolanos, misturados com influências da música popular brasileira, do fado português, e até do jazz. As suas letras, carregadas de emoção e de um profundo sentido de humanidade, falam de amor, perda, luta e esperança, refletindo a complexa história de Angola.

Waldemar Bastos foi também um defensor incansável dos direitos humanos e da paz. A sua música muitas vezes abordava temas de injustiça, sofrimento e resistência, e ele usava a sua voz para chamar a atenção para as questões sociais e políticas do seu país e do continente africano como um todo.

Mesmo após a sua morte em 9 de agosto de 2020, Waldemar Bastos continua a ser uma inspiração para muitos. O seu legado perdura, não só nas suas canções, mas também na forma como usou a música para unir as pessoas e para lutar por um mundo mais justo. Em Angola e além, Waldemar Bastos é lembrado como um verdadeiro ícone da música e da resistência, cujo impacto será sentido por muitas gerações vindouras.

A música de Waldemar Bastos não apenas entretém, mas também educa, inspira e desafia as pessoas a refletirem sobre o mundo em que vivem. Em uma Angola marcada por décadas de conflito, a sua obra é um farol de esperança e de resiliência, um lembrete de que, mesmo nas horas mais sombrias, a música tem o poder de curar, de unir e de transformar.

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