A JMPLA, que já desempenhou um papel crucial na mobilização da juventude e na formação de lideranças em Angola, enfrenta hoje um cenário de desatualização e desconexão com a realidade do país. Em um momento em que Angola passa por profundas transformações sociais e económicas, a organização parece não acompanhar o ritmo dessas mudanças, apresentando sinais evidentes de estagnação.
Um dos exemplos mais emblemáticos dessa desconexão é a falta de equilíbrio de género nas candidaturas ao cargo de Primeiro Secretário Nacional. Dos seis candidatos que se apresentaram, todos são homens, o que evidencia uma ausência de representatividade feminina. Este desequilíbrio não só contraria os princípios de inclusão e igualdade que deveriam nortear uma organização juvenil moderna, mas também reflete a incapacidade da JMPLA de atrair e promover a participação efectiva das mulheres em suas estruturas de liderança.
Além disso, nenhum dos candidatos possui carisma ou notoriedade suficiente para galvanizar a juventude angolana. A ausência de figuras com impacto real e capacidade de mobilização revela uma lacuna na formação de lideranças dentro da organização, e levanta questões sobre a capacidade da JMPLA de se renovar e oferecer alternativas viáveis para a juventude do país.
Outro ponto crítico é a falta de uma agenda clara. As candidaturas apresentam-se sem propostas concretas sobre o que pretendem realizar caso sejam eleitas, deixando a impressão de que a disputa é mais uma busca por posicionamento interno no partido do que um verdadeiro compromisso com o desenvolvimento da organização e a defesa dos interesses dos jovens. Esse vazio programático contribui para a percepção de que a JMPLA se tornou irrelevante no debate sobre os principais desafios que Angola enfrenta hoje.
O último mandato é um exemplo claro de ineptidão e fracasso. Sem grandes realizações e com pouca capacidade de influenciar positivamente o curso dos acontecimentos, a JMPLA não conseguiu se posicionar como uma força activa na sociedade. A falta de protagonismo e a ausência de resultados concretos durante esse período contribuíram para o crescente distanciamento entre a organização e a juventude angolana. A expectativa para o próximo ciclo não é animadora, com muitos a preverem que pouco ou nada mudará.
Enquanto Angola enfrenta desafios como a necessidade de diversificação económica, a criação de emprego para a juventude, a melhoria do sistema educativo e a promoção de políticas inclusivas, a JMPLA parece incapaz de articular uma visão coerente para enfrentar essas questões. A organização, que deveria ser um espaço para o desenvolvimento de políticas inovadoras e a promoção de debates relevantes para os jovens, encontra-se desatualizada e, em muitos casos, alheia às verdadeiras exigências da camada juvenil.
Para que a JMPLA volte a ser relevante, é imperativo que haja uma profunda reestruturação interna. É necessário promover a inclusão de mulheres e jovens com diferentes perfis, valorizar a capacidade de liderança e a visão de futuro, e, sobretudo, apresentar uma agenda clara e pragmática que responda aos desafios do país. Sem isso, a organização corre o risco de se tornar um apêndice irrelevante dentro do próprio partido, incapaz de exercer qualquer influência significativa no futuro de Angola.
O futuro da JMPLA e do próprio MPLA depende da capacidade de adaptação e renovação desta organização juvenil. Em um país onde a maioria da população é jovem, a JMPLA tem a responsabilidade de se tornar um verdadeiro catalisador de mudanças, representando as aspirações e necessidades de uma nova geração. Mas, para isso, precisa urgentemente de sair do estado de apatia em que se encontra e reconquistar o espaço que um dia ocupou na sociedade angolana.
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