• Lost Password?
  • Lost Password?

O Futuro das Relações Angola-EUA Após a Vitória De Trump

Por: Nkruma Paim

Com a recente vitória de Donald Trump, surgem incertezas sobre como será a relação entre os Estados Unidos e o continente africano, em especial com Angola. Trump é um líder que adota uma abordagem pragmática e focada em interesses comerciais, o que pode impactar directamente países africanos que se posicionaram como parceiros estratégicos dos EUA nos últimos anos.

Durante o mandato de Joe Biden, os Estados Unidos investiram em fortalecer a relação com países africanos, incluindo Angola, promovendo o investimento estrangeiro e incentivando a diversificação económica. Angola, um país que enfrenta o desafio de reduzir a sua dependência do petróleo, viu oportunidades de diversificação ampliadas pela aproximação com empresas americanas, principalmente em sectores como energia, infra-estruturas e tecnologia.

Nos últimos anos, o investimento americano em Angola registou um crescimento, impulsionado pela política de Biden, que visou aproximar os dois países em áreas estratégicas. De acordo com o Ministério da Economia e Planeamento, Angola registou um crescimento económico de 3,9% em 2023, um avanço impulsionado por uma combinação de reformas económicas e investimentos estrangeiros em sectores não-petrolíferos. Esse crescimento reflecte o impacto de investimentos diversificados, incluindo a presença de empresas americanas nos sectores agrícola, da construção e das energias renováveis.

O Retorno da Política “América Primeiro” e as Relações Bilaterais

Com a reeleição de Trump, espera-se uma abordagem mais transaccional, menos focada na diplomacia e mais direccionada para o comércio directo. A retórica “América Primeiro” prioriza acordos que tragam benefícios imediatos para os Estados Unidos, o que pode resultar em menos interesse na promoção de investimentos a longo prazo e mais foco em parcerias que gerem lucros directos.

Para Angola, isso pode significar uma mudança no tipo de relacionamento: Trump provavelmente buscará acordos comerciais específicos, especialmente nas áreas de exploração de petróleo e mineração, onde os EUA têm claros interesses. Angola, com a sua riqueza em recursos naturais, pode atrair esse tipo de investimento americano. Contudo, é possível que os projectos de longo prazo, como os de diversificação e modernização de infra-estruturas, recebam menos apoio caso não representem retorno imediato para investidores americanos.

Por um lado, o pragmatismo de Trump pode abrir oportunidades para o sector privado angolano firmar parcerias directas com empresas americanas, aumentando o fluxo de investimento em áreas de exploração de recursos. O fortalecimento do sector privado poderia contribuir para um crescimento mais rápido de sectores como a mineração e a agro-indústria, aproveitando o interesse americano em commodities estratégicas.

No entanto, Angola terá de negociar com cautela para garantir que esses investimentos sejam vantajosos no longo prazo e contribuam para o desenvolvimento sustentável do país. O governo angolano está actualmente empenhado em criar um ambiente de negócios favorável e transparente, que promova não só o lucro, mas também o fortalecimento da economia local e o bem-estar da sua população. Um exemplo é a aposta em infra-estruturas e na diversificação da economia, que foi possível graças ao aumento dos investimentos estrangeiros, como o dos Estados Unidos nos últimos anos, além das reformas estruturais levadas a cabo para melhorar o ambiente de negócios.

Neste novo cenário, Angola precisará de continuar a diversificar as suas parcerias internacionais, buscando também fortalecer relações com outros mercados para equilibrar o impacto de eventuais mudanças na postura dos EUA. Um foco crescente em sectores como a agro-indústria e as energias renováveis ajudará Angola a reduzir a sua dependência dos investimentos direccionados ao petróleo. O governo angolano deverá, portanto, avaliar e negociar com prudência os acordos comerciais com empresas americanas, assegurando que qualquer novo investimento dos EUA tenha benefícios claros e duradouros para o desenvolvimento do país.

Em suma, a vitória de Trump coloca Angola diante de novos desafios e oportunidades. O pragmatismo americano poderá resultar em investimentos importantes para certos sectores, mas Angola deve estar preparada para proteger os seus interesses e assegurar que esses investimentos contribuam de forma significativa para o desenvolvimento sustentável e a diversificação económica. O sucesso das relações futuras dependerá da capacidade de Angola em negociar acordos comerciais vantajosos e, ao mesmo tempo, manter a sua trajectória de crescimento económico e modernização.

Escrito Por
Emanuel Nkruma Paim
View all articles
Deixe aqui seu comentário