Por: Redação Portal Zango
Em uma reviravolta dramática, uma montanha na região de Katanga, na República Democrática do Congo (RDC), desabou recentemente, expondo vastas reservas de cobre. O incidente foi amplamente partilhado nas redes sociais, com imagens capturadas durante o colapso que mostravam uma grande multidão no local, enquanto pessoas tentavam escapar do perigo iminente.
A região de Katanga, rica em recursos minerais, é um dos maiores centros de mineração de cobre do mundo e faz parte do cinturão de cobre africano — uma vasta área que se estende por 450 quilómetros, desde Luanshya, na Zâmbia, até Katanga, no Congo. Ao longo do último século, Katanga foi um epicentro da extração deste metal, que, na década de 1950, tornou a região no maior produtor mundial de cobre.
Hoje, Katanga continua a desempenhar um papel crucial na oferta mundial deste mineral, responsável por mais de 10% das reservas globais de cobre. A riqueza mineral da região tem sido fundamental para as economias da RDC e da Zâmbia, promovendo o desenvolvimento infraestrutural e criando oportunidades de emprego. Contudo, o preço do cobre e do cobalto, dois metais essenciais para a produção de baterias de veículos elétricos, disparou nas últimas décadas, à medida que o mundo transita para a energia limpa e busca tecnologias mais sustentáveis.
Entretanto, o colapso da montanha em Katanga revela uma realidade menos visível: o impacto ambiental e humano da exploração mineral na RDC. Segundo testemunhas locais, a destruição da montanha não foi um fenómeno natural, mas sim o resultado de meses de escavação nas suas bases por mineradores ilegais em busca de cobre. “Esta montanha não desmoronou naturalmente, mas devido à escavação intensiva, que visava garantir uma avalanche de cobre para os escavadores”, relatou um utilizador nas redes sociais.
O vídeo do desastre gerou uma onda de reações, não apenas pela tragédia em si, mas também pela forma como a mineração ilegal e a exploração descontrolada dos recursos naturais têm devastado a região. Muitos comentaram sobre o papel de potências estrangeiras na exploração dos minerais da RDC, uma prática que tem sido associada a sérios abusos dos direitos humanos.
“Esta terra e estes recursos pertencem ao povo do Congo”, afirmou um utilizador em um comentário. “É urgente que o Congo proíba a exploração estrangeira e proteja o seu povo e os seus recursos naturais”, acrescentou outro.
As grandes potências globais, incluindo países da Europa, Reino Unido, EUA e China, têm sido acusadas de contribuir para a exploração predatória dos recursos da RDC, muitas vezes sem respeitar os direitos das comunidades locais. O desabamento da montanha em Katanga simboliza mais do que uma tragédia ambiental; é um reflexo da contínua exploração e violação dos direitos humanos que persiste na região, onde os trabalhadores das minas, muitas vezes, são forçados a trabalhar em condições extremamente precárias e sem qualquer tipo de proteção.
Enquanto o Congo se vê no centro de uma nova corrida global por recursos minerais essenciais para a transição energética, a questão da exploração justa e sustentável continua a ser uma luta fundamental para a sociedade congolesa. O desafio agora é garantir que os benefícios da riqueza mineral da RDC sejam verdadeiramente usufruídos pelo seu povo, e não apenas por interesses externos que perpetuam a desigualdade e a violência.
A tragédia em Katanga não é apenas um alerta sobre os riscos da mineração descontrolada, mas também um chamado urgente para que a comunidade internacional, incluindo as potências económicas globais, assumam responsabilidades na promoção de práticas mineradoras éticas e na defesa dos direitos humanos na República Democrática do Congo.