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Biden, Aiko Dangote Corredor Do Lobito: Perspectivas e Realidades

Por: Nkruma Paim

A visita do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, a Angola, juntamente com a presença do empresário nigeriano Aliko Dangote e o crescente interesse no Corredor do Lobito, representa um momento importante e carregado de simbolismo para o futuro do país. Este episódio coloca Angola numa posição estratégica no cenário internacional, mas também exige uma reflexão crítica sobre o real impacto de tais iniciativas no desenvolvimento sustentável e sobre como evitar a repetição dos erros do passado.

Ao longo da sua história recente, Angola estabeleceu diversas parcerias internacionais, especialmente no sector petrolífero. Embora estas tenham proporcionado receitas significativas, muitas foram caracterizadas por uma dependência excessiva dos recursos naturais, uma fraca transferência de tecnologia e a ausência de um impacto duradouro nas infra-estruturas e no desenvolvimento humano. Em muitos casos, estas parcerias beneficiaram exclusivamente as elites económicas e políticas, deixando a população com benefícios limitados. Obras inacabadas, investimentos mal direccionados e projectos que nunca se traduziram em melhorias reais para a vida dos angolanos são exemplos da má gestão que marcou algumas destas colaborações.

A presença de Joe Biden em Angola sinaliza um interesse estratégico dos Estados Unidos no fortalecimento da sua influência no continente africano, num momento em que outras potências, como a China, têm consolidado a sua posição na região. Por outro lado, a vinda de Aliko Dangote, um empresário africano de renome com um histórico comprovado de projectos transformadores, oferece uma perspectiva diferente, mais alinhada com os desafios e as necessidades regionais. Dangote representa uma visão de desenvolvimento económico sustentável, baseada na criação de valor local e no fortalecimento de cadeias produtivas dentro do continente.

O Corredor do Lobito surge como um projecto estratégico, com o potencial de transformar Angola num ponto de ligação regional, facilitando o comércio entre países como a Zâmbia, a República Democrática do Congo e outras nações vizinhas. Este projecto pode impulsionar a economia angolana, integrando-a numa dinâmica regional mais ampla e reduzindo a sua dependência de mercados externos. Contudo, o sucesso do Corredor do Lobito dependerá da sua gestão eficiente e do compromisso de garantir que os seus benefícios cheguem efectivamente às populações locais.

Para que estas novas parcerias tenham um impacto positivo e duradouro, é essencial que Angola adopte uma abordagem diferente daquela que marcou as colaborações do passado. A transparência e a boa governação devem ser pilares fundamentais, garantindo que os acordos sejam negociados de forma clara e que beneficiem o país a longo prazo. A inclusão de cláusulas que obriguem à transferência de tecnologia e à capacitação da força de trabalho local é igualmente essencial, assegurando que os angolanos possam participar activamente no desenvolvimento de sectores estratégicos.

Além disso, estas parcerias devem ser vistas como oportunidades para diversificar a economia nacional. A dependência do petróleo e de outros recursos minerais é um risco que o país não pode continuar a correr. É necessário investir em sectores como a agricultura, as energias renováveis e a tecnologia, que têm o potencial de criar empregos e promover um crescimento económico mais equilibrado.

Outro aspecto crucial é a inclusão social. Os benefícios dos investimentos devem ser sentidos pelas comunidades locais, seja através da criação de empregos, da melhoria das infra-estruturas ou da implementação de programas sociais que atendam às necessidades básicas da população. Apenas assim será possível garantir que o desenvolvimento não se limite às estatísticas económicas, mas se traduza em melhorias reais na qualidade de vida dos cidadãos.

A integração regional é outro elemento estratégico que não pode ser negligenciado. Projectos como o Corredor do Lobito oferecem uma oportunidade única para Angola se posicionar como um actor central no comércio intra-africano, reduzindo a sua dependência de parceiros externos e promovendo uma maior cooperação com os seus vizinhos.

A vinda de Joe Biden, a presença de Aliko Dangote e a relevância do Corredor do Lobito representam uma janela de oportunidade para Angola redefinir o seu papel no cenário internacional e regional. Contudo, esta oportunidade só se traduzirá em progresso efectivo se o país souber liderar o processo, adoptando políticas e estratégias que garantam a maximização dos benefícios para a sua população. O passado de parcerias marcadas por promessas não cumpridas e resultados limitados deve servir de lição e alerta.

Angola tem agora a oportunidade de transformar boas intenções em acções concretas, colocando o desenvolvimento humano e económico no centro das suas prioridades. Só assim será possível garantir que os interesses estratégicos internacionais se alinhem com as necessidades e aspirações do povo angolano.

Escrito Por
Redação Portal Zango
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