Faleceu neste sábado, 8 de Fevereiro, aos 95 anos, Sam Nujoma, primeiro Presidente da Namíbia, informou a Presidência do país.
O líder guerrilheiro morreu após três semanas de internamento por doença, anunciou o Presidente da Namíbia, Nangolo Mbumba, em comunicado.
A nota acrescenta que Nujoma foi hospitalizado para tratamento médico mas, “infelizmente, desta vez, o filho mais valente da nossa terra não conseguiu recuperar da doença”.
Activista e líder da luta pela Independência do país, Sam Nujoma tornou-se no primeiro Presidente democraticamente eleito da Namíbia após a independência da África do Sul.
Nujoma ascendeu à chefia do país a 21 de Março de 1990 e foi formalmente reconhecido como “Pai Fundador da Nação Namibiana” através de uma lei do Parlamento em 2005.
Nos seus discursos, Nujoma fez questão de repetir a frase: “Um povo unido, que se esforça por alcançar um bem comum a todos os membros da sociedade, sairá sempre vitorioso”.
Num país marcado pelo legado do apartheid e do domínio colonial alemão, o partido SWAPO, por ele criado e liderado, aplicou um programa de reconciliação nacional sob o lema “Uma Namíbia, Uma Nação”.
As suas realizações incluíram o estabelecimento de instituições democráticas e a priorização da reconciliação, disse Ndumba Kamwanyah, professor da Universidade da Namíbia e analista político.
“Embora a presidência de Nujoma tenha sido fundamental no estabelecimento da independência e governação da Namíbia, não foi isenta de falhas”, acrescentou Kamwanyah.
Mas as suas tendências autocráticas, patentes no tratamento dado aos meios de comunicação social e na repressão brutal da rebelião de Caprivi em 1999, lançam uma sombra sobre o seu legado, concluiu Kamwanyah.
Nascido a 12 de Maio de 1929, no seio de uma família de agricultores, Sam Nujoma era o mais velho de dez filhos. Cuidava de vacas e do gado, até que, ao 17 anos, deixou a pequena e remota aldeia do norte para se mudar para a cidade portuária ocidental de Walvis bay.
Tempos depois descobriu a discriminação contra os negros e tornou-se sindicalista, frequentando aulas noturnas, onde conheceu activistas pró-independência.
À frente da SOWAPO, lançou a luta armada pela independência em 1966. A guerra da independência custou mais de 20 mil vidas.
Depois de deixar a vida política, Sam Nujoma voltou a estudar e concluiu um mestrado em Geologia.