O antropólogo Virgílio Coelho defendeu, sexta-feira, 21, na Casa de Cultura e Artes Ubuntu (CCAU), em Luanda, que a preservação e valorização das línguas nacionais devem constituir a maior preocupação do Estado.
Virgílio Coelho, falava à volta do tema “A morte das línguas angolanas” enquadrado no Dia Internacional da Língua Materna, assinalado a 21 de Fevereiro.
O antropólogo explicou que a institucionalização do português, pelo Estado angolano, como a língua oficial, influenciou com que fosse a mais falada pela população.
Segundo Virgílio Coelho, este processo fez com que ocorresse um grande declínio das línguas nacionais, por não existir políticas concretas para as desenvolver.
Por sua vez o aumento da taxa de urbanização constitui um outro factor para “a morte das línguas nacionais”, por ser comum os falantes dessas línguas deslocarem-se às cidades à procura de melhores condições de vida.
Acrescentou ainda que este fenômeno influencia as populações a aderirem a língua minoritária, que no caso de Angola é a portuguesa, descartando a língua materna.
Dessa forma, continuou, passando apenas a ensinar aos filhos a língua oficial. ”Com o aumento da taxa de urbanização, nasce o receio da morte das línguas nacionais”, lamentou, acrescentando que, por isso, é fundamental que o Governo olhe para as línguas nacionais como prioridade e crie políticas para o desenvolvimento, investigação, preservação e promoção.”
Segundo ainda Virgílio Coelho, as políticas linguísticas de qualquer país devem levar em conta a promoção do multilinguismo e o desenvolvimento das línguas enquanto factor de integração, respeito dos valores e compreensão mútua, a fim de promover a paz e prevenir conflitos.
Virgílio Coelho admitiu que neste momento o estudo, promoção e divulgação das línguas nacionais encontra-se razoável, graças a instituições de Ensino Superior, órgãos de comunicação social, igrejas, Organizações Não-Governamentais e pessoas singulares interessadas na valorização.
“Apesar do esforço, não tem sido suficiente para impedir o desaparecimento da língua, por isso, precisa-se, com urgência, da intervenção do Estado, que deveria por começar a investir no Instituto de Línguas Nacionais, para que efectivamente cumpra com as atribuições”, disse.
A valorização das línguas maternas nacionais é importante para Identidade Cultural de um povo.
Por outro lado a valorização das línguas maternas enfrenta desafios, como a desvalorização causada pela globalização e pela colonização.
A falta de prática da fala das línguas maternas em vários círculos familiares e sociais também é um desafio.