A advogada de 80 anos que arrisca a vida para defender direitos dos homossexuais em África

Por Redação Zango

A advogada camaronesa Alice Nkom, de 80 anos, tem dedicado a sua vida à luta pelos direitos da comunidade LGBTQIA+ nos Camarões, um país onde a homossexualidade é criminalizada.

Nascida em 1945, Alice Nkom é uma das primeiras mulheres advogadas de Camarões. Fundou a Associação para a Defesa da Homossexualidade (ADEFHO) em 2003, uma organização que presta assistência jurídica e apoio a pessoas LGBTQIA+ no país. Ao longo da sua carreira, Nkom enfrentou inúmeros desafios, incluindo ameaças de morte, assédio e difamação.

Nos Camarões, a homossexualidade é punível com até cinco anos de prisão. Nkom acredita que as leis que criminalizam a homossexualidade são injustas e violam os direitos humanos. Dedica-se a defender pessoas LGBTQIA+ que são presas, discriminadas ou vítimas de violência. Apesar dos riscos, Nkom está determinada a continuar a sua luta por igualdade e justiça.

As pessoas LGBTQIA+ nos Camarões enfrentam discriminação generalizada e violência. Muitas são presas arbitrariamente, torturadas ou sujeitas a tratamentos degradantes.

A mídia local frequentemente promove discursos de ódio contra a comunidade LGBTQIA+. Um dos casos de maior repercussão foi a defesa da celebridade transgénero Shakiro e da sua amiga Patricia, em 2021. Ambas foram presas e condenadas por “tentativa de homossexualidade” e “posse de narcóticos”, acusações que Nkom e outros ativistas denunciaram como falsas e motivadas por preconceito. Patricia, em particular, relatou ter sofrido abusos e maus-tratos durante a sua detenção.

Foto BBC – Shakiro (Celebridade Transgénero Camaronesa)

O trabalho de Alice Nkom tem sido fundamental para aumentar a conscientização sobre os direitos LGBTQIA+ nos Camarões e em África.

Ela inspirou muitos outros ativistas a unirem-se à luta por igualdade. Embora a situação ainda seja desafiadora, Nkom acredita que o progresso é possível.

Alice Nkom é um exemplo de coragem e resiliência na defesa dos direitos humanos. A sua história lembra a importância de lutar por um mundo mais justo e igualitário para todos.