Redação Portal ZangoCrônica de Manuel de Jesus
“A farda faz o monge”
Quando Jesus pensa em monge, pensa logo naqueles chinocas que têm quase toda a cabeça rapada, com uma barraba de cebola e cabucado de cabelo, com um rabicho de dois metros de trança. Aqueles, sim, têm surra.
Mas a expressão “farda” traz-nos à mente os bongós, os operativos e os bades, aqueles que partem as boinas, usam óculos escuros e têm o andar de wis bué “nganzados”. Esses bades dão medo, Jesus lembra-se daquele “taime” em que andavam com sabres, grampulhas e espírito de guerra à mistura.
Qualquer “confundição”, sai-te um abacaxi, os telhaços no ar, todo mundo se põe no chão e salva-se quem puder. Mas os nossos bongós parecem não ostentar arte alguma, apanham bué de pata, até mesmo no tempo do Nariz Grande, os anti-motins já levavam no focinho. E, infelizmente, é comum ver-se “poliangue” a recorrer ao uso constante e consciente de armas de fogo em situações que apenas os espíritos de Jet Li e Jackie Chan seriam invocados para resolver os conflitos com calma e graça. Mas, parece que a maioria dos nossos efetivos não tem habilidades para tal.
A formação de um agente exige que tenha qualidades adequadas, aliás, seria pragmático o domínio das artes de defesa pessoal para quem se candidata a um órgão da polícia. Jesus sabe de casos em que os agentes têm medo de atuar contra certos meliantes e que, em algumas zonas, as esquadras da polícia não funcionam 24 horas por dia. São obrigados a fechar as portas antes mesmo que o sol se ponha; “tchau tchau, beijo beijo”. Depois disso, os mana moças quinguilam a área e tudo o que cair na rede é peixe.
Perguntem aos comandantes das zonas da Caop do abecedário, no Malueka e no Paraíso, como está a relação com a tropa de choque. Como é possível que um amigo do alheio penetre no castelo dos azulinhos e leve os biolos que lá encontra? Sabem que no “Bate Nú” pinaram o plasma? Depois que o boss se ausentou para os seus aposentos, a patrulha saiu para o pente fino, o homem do piquete e o seu sentinela foram à esquina entornar a água do chefe, à esquerda ficou entregue à sorte, como se diz na gíria; tornou-se, na verdade, na “Casa da Mãe Joana”, entrou quem queria e saiu quem pôde… assim foi!
Haja habilidade e coragem.
Jesus tem visto uns “pela ordem e pela tranquilidade” charmosos, nada a ver com gostosura ou tamanho do corpo. Têm, na verdade, um perfil físico do Papoite da porquinha Peppa. A curva da felicidade demonstra logo que sofrem de asma, e, num babulo rijo, não conseguiriam esquivar-se a 20 km/h por mais de dois minutos. Esses, a única arte que têm é a do pente. Penteiam-se que é uma coisa doida, até um cabeleireiro profissional não aguenta.
Jesus está lembrado do caso na rua da Dona Amália. Se os babas em serviço naquele dia fossem discípulos de Steven Seagal, não se teria perdido nenhuma bala nem vidas humanas. Nenhum tango teria tocado, e os fora da lei estariam a contas com a justiça sem se mexerem muito. Um bongó bem treinado jamais perderia o “trabuco” num frente-a-frente com civil, que desconhece as regras de manuseamento da baba. Assim como naquele episódio do Benfica, em que um dreda se meteu no meio e repôs a ordem, aí o bongó já estava frito.
É melhor o Homem meter ordem nesse mambo.
Jesus Está De Olho!!!
