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JESUS ESTÁ DE OLHO NO USO DE GRANADAS!

Crônicas de Manuel de Jesus

Na década de 80 e 90, a história da nossa banda era marcada pelo conflito armado entre irmãos da mesma Pátria. O tribalismo e a ganância pelo poder haviam tomado conta do ego de cada parte, e a guerra era o meio de comunicação que acharam mais adequado para resolverem as suas diferenças; fazia lembrar um Kota que sempre dizia: “É preciso fazer guerra para se acabar com a guerra!”


Assim, o espírito de guerra instalou-se nas mentes e corações dos povos. As situações, leves ou pesadas, começaram a ser resolvidas por meio de conflitos, com o recurso a materiais contundentes, tais como catanas (que lembravam muito o 4 de Fevereiro), pistolas por parte de quem pertencia à milícia ou não, até porque quem tinha as costas largas ou um padrinho na cozinha enfrentava qualquer situação destemido. Após o som do ferro, a frase favorita, mesmo que mínima, era: “claclá, sabes quem eu sou?”

E, em caso de dúvida, saía mesmo tango e alguém batia as botas.
Quem não ostentava esses meios recorria ao uso de paus, pedras e “ngalas” (garrafas partidas, muitas vezes na cabeça do adversário).
E, vindos das frentes de combate, apareceram então os que partiam as boinas, os chamados Bads. Estes andavam munidos de granadas, que espalhavam pelo corpo sob a farda camaleão. Granadas no peito, na cintura também. O espírito de mandar tudo pelos ares era intenso.

As coisas aqueciam depois de partirem um “Boi”, com os olhos já encarnados e acesos por trás dos óculos escuros. Saqueavam qualquer lugar com granadas, nas praças, nas aldeias e até mesmo nos autocarros; todos os babulos eram resolvidos com granadas, apelidadas de “abacaxi”. Era só sentirem qualquer ameaça, que a anilha da grampulha era solta, como fazia o Comando da Geni.

Chegou a paz, e com ela a reconciliação e o desarmamento da população. Parece que muitos queriam sentir o sabor da paz, mesmo não sendo vencedores; cada um deu o que tinha. Os bilos passaram a ser resolvidos apenas com as ngalas, no balo, sai uma ngala de cabeça, uma santopeia na cara para estragar o bilhete. O pessoal Squad sabe como funciona isso. Esqueceram as resoluções com grampulhas, até que Minguito, filho do tio Mingo, o bad mais “Crazy” da banda, ficou doente a ponto de ser internado na pediatria.

Ti Mingo era mesmo um cabenda e tudo lhe irritava rápido. Na pediatria, o quadro do filho não mudava, então foi em casa buscar uma granada e jurou que, se não dessem alta ao filho, mandaria para baixo toda a pediatria. Talvez fosse irmão do man Nelito das catanas.

O tempo foi seguindo o seu curso até que uma Mamoite decidiu transformar o seu marido num verdadeiro touro, colocando apenas os chifres. O tio subiu os espíritos dos Bads; como não tinha em casa, comprou uma F1 para resolver o assunto, da mboa dele ter pulado a cerca. O Papoite descavilhou um abacaxi e, juntamente com a sua dama, partiram mais cedo para a casa do Pai.
E uma cena com granada deixou Jesus admirado.

Jesus nunca tinha visto SIC usar granadas, apenas pistolas, mas o tio do SIC desmistificou isso, quando, na mesquita, saiu babulo. Parece que Maomé não estava nas montanhas e estava a atrapalhar na espiritualidade. Houve então discrepância entre os “Salamaleco” e culminou em litígio. Um tio lembrou que não só de bata vivia, mas também de colete do SIC e, possivelmente, de um “paiol”. Correu para o cúbico, sacou uma grampulha, caiu na mesquita e meteu todo o pessoal bem consciente, tentando desafiar a espiritualidade, ameaçando descascar a jinguba e mandar tudo e todos pelos ares. O dreda esqueceu que também ajoelhava lá para falar com Alá.

E como dizem, um bad não morre, ele “maiou”, mas não teve coragem de perder a vida. Desistiu do plano de bondar e se bondar, ficou calmo. Aqui entra a dica do futebol: perdeu tempo e, com o tempo, perdeu a bola. Na realidade, perdeu a granada, está a contas com a justiça e corre o risco de perder a eficácia.
O crime não compensa!

Jesus Está De Olho!

Escrito Por
Redação Portal Zango
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