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Queridos Pais!

Nos dias de hoje, vivemos num mundo que nos diz, incessantemente, que devemos correr. Correr para conquistar, correr para ter, correr para “aparecer”. A pressão está em todo o lado: nas redes sociais, no mercado de trabalho, nas conversas diárias. Parece que o sucesso se mede pela quantidade de coisas que acumulamos, pelas horas intermináveis de trabalho e pela imagem que conseguimos projectar para o mundo. Somos constantemente estimulados a estar em movimento, a fazer, a produzir, a mostrar.

O problema é que, enquanto corremos atrás do que o mundo nos diz ser importante, acabamos por deixar de lado aquilo que realmente importa. O tempo com os nossos filhos, os momentos partilhados, a conexão genuína, e o afecto diário. A busca pela perfeição material e social tem nos tornado, muitas vezes, pais ausentes.

Estamos em casa, mas a nossa mente está noutro lugar. Estamos ao lado deles, mas as nossas conversas são interrompidas pelo telefone, pelo e-mail, pelo trabalho, pelo próximo compromisso que precisamos de cumprir. Esta realidade, que todos conhecemos de forma tão íntima, é o reflexo de um sistema que não valoriza o que é humano, o que é simples, o que é autêntico.

A sociedade em que vivemos empurra-nos para que busquemos o “ter” em vez do “ser”.  Estamos tão imersos na corrida do consumo, das metas, dos estatutos, que deixamos de perceber que o maior bem que podemos dar aos nossos filhos não está no que compramos para eles, mas sim no que conseguimos viver ao lado deles.

A pressão para sermos cada vez mais produtivos e “bem-sucedidos” tem afectado a nossa relação com o tempo. O tempo, esse recurso tão precioso e limitado, transforma-se, a cada dia, em pó. Passamos horas em reuniões, a responder e-mails, ocupados com a rotina diária e, muitas vezes, esquecemo-nos de algo fundamental: o tempo que passamos com os nossos filhos é irreparável. Esse tempo não volta. Não podemos comprar de volta os momentos que passamos longe de quem amamos, nem substituir as experiências perdidas com mais dinheiro ou mais bens materiais.

Pergunto-vos: o que estamos realmente a ensinar aos nossos filhos? Estamos, sem querer, a mostrar-lhes que a verdadeira felicidade está nas coisas e não nas relações. A ironia desta pressa toda é que, quando olharmos para trás, o que realmente nos marcará, o que verdadeiramente será lembrado, não são as posses ou os títulos. São as gargalhadas partilhadas, os abraços apertados, as conversas à mesa, o olhar atento, os gestos de carinho, as tardes livres para brincar.

São os momentos que, por mais simples que sejam, criam as memórias que os nossos filhos levarão para a vida toda. E, mais do que isso, são essas memórias que moldam a forma como eles vão encarar o mundo e, principalmente, como vão se relacionar com os outros e com eles mesmos.

Estamos todos tão distantes da essência do que é realmente importante. O tempo não é uma moeda que podemos gastar e depois recuperar. E, se continuarmos a permitir que a pressão externa nos defina, que a busca pelo “mais” consuma os nossos dias, corremos o risco de perder aquilo que é insubstituível: os momentos que partilhamos com os nossos filhos. O mais doloroso é que, muitas vezes, só percebemos quando já é tarde demais.

Por isso, é urgente que paremos para reflectir. Precisamos de dar um passo atrás, precisamos de abrandar, precisamos de tempo para ouvir, para brincar, para estar verdadeiramente com quem amamos. Não estamos a falar de perfeição ou de uma vida sem responsabilidades. Estamos a falar de termos consciência de que a vida não está na corrida. A vida está no presente, no aqui e agora, nas coisas simples e genuínas que realmente fazem a diferença. Este é um convite para repensarmos o que é, de facto, importante.

Não deixemos que as malambas da vida moderna nos roube o que temos de mais precioso. A maior herança que podemos deixar aos nossos filhos não é o que conseguimos acumular, mas sim o amor, a atenção e a presença que lhes oferecemos.

Que possamos, juntos, mudar esta narrativa. Que possamos ensinar aos nossos filhos que o sucesso se mede pelas relações que construímos, pelo amor que damos e pelo tempo que partilhamos, eles não precisam de mais coisas. Precisam de nós – completos, inteiros e presentes.

Com todo o carinho e sinceridade,

Elisângela Chissamba

Escrito Por
Redação Portal Zango
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