Autor do processo usou inteligência artificial para argumentar no caso, fazendo com que juíza desse uma “bronca” durante a sessão.
Uma juíza da Suprema Corte do Estado de Nova York, nos Estados Unidos, interrompeu a audiência que presidia ao perceber que um dos participantes havia recorrido a um ‘advogado’ gerado por inteligência artificial.
O caso ocorreu durante uma sessão do Primeiro Departamento Judicial da Divisão de Apelações.
O tribunal havia permitido que Jerome Dewald, autor de um processo trabalhista, que não é advogado e estava se representando, acompanhasse sua argumentação com uma apresentação em vídeo pré-gravada.
A permissão foi dada pela juíza Sallie Manzanet-Daniels, que anunciou que ouviriam o conteúdo, sem saber do que se tratava.
Quando a exibição das imagens começou, um homem aparentemente mais jovem do que Dewald, que tem 74 anos, apareceu vestindo uma camisa azul de colarinho e um suéter bege, em frente a um fundo virtual desfocado.
“Compareço aqui hoje para apresentar meu argumento a um painel de cinco juízes”, começou o “advogado”, que, na verdade, se tratava de um avatar criado por IA.

A magistrada interrompe e questiona se aquele era o advogado do caso. “Eu gerei isso. Não é uma pessoa real”, admite Dewald.
“Teria sido bom saber disso quando você fez a solicitação”, repreendeu a juíza. “Não gosto de ser enganada”, completou.
Na sequência, ela determina que o vídeo seja desligado. A audiência em que Dewald fez sua apresentação, em 26 de Março, foi filmada pelas câmeras do tribunal.
Procurado pelo The New York Times, ele disse ter ficado envergonhado durante a audiência e afirmou ter enviado uma carta de desculpas aos juízes pouco depois do ocorrido.
Dewald ainda contou à reportagem que decidiu usar o software para criar a IA após ter dificuldades para se expressar em sessões anteriores.