Por Redação Portal Zango
Em 2025, o Sul da Ásia parece viver uma antevisão do que o resto do mundo poderá enfrentar nas próximas décadas. A região, que alberga mais de um quinto da população mundial, está na linha da frente da crise climática, e os sinais de colapso são visíveis por toda a parte.
Entre Março e Maio de 2025, as temperaturas em partes da Índia e do Paquistão ultrapassaram os 51 °C, assinalando o verão mais quente desde o início dos registos.
Os hospitais públicos entraram em estado de emergência e as escolas foram encerradas durante semanas.

Em Deli, uma cidade com mais de 30 milhões de habitantes, as quedas de energia e o racionamento de água tornaram-se rotina.
As monções, tradicionalmente esperadas e celebradas, tornaram-se imprevisíveis e violentas.
Em Julho, o Bangladesh enfrentou a maior cheia dos últimos 30 anos: mais de oito milhões de pessoas ficaram desalojadas.
No Sri Lanka, chuvas intensas e deslizamentos de terra provocaram mais de 300 mortes apenas no mês de Agosto.

A agricultura está a ser devastada por chuvas irregulares e ondas de calor. Milhões de pequenos agricultores abandonaram as suas terras. No
Paquistão, o rio Indo atingiu o nível mais baixo em um século. A escassez de água também agravou disputas políticas entre regiões, aumentando o risco de tensões sociais e até de conflitos.
Os mais pobres continuam a pagar o preço mais alto. Em zonas urbanas densamente povoadas, como Karachi ou Daca, comunidades inteiras vivem em condições insalubres, à mercê de inundações e de doenças transmitidas pela água.
Mulheres e crianças, como habitualmente, são as primeiras a perder o acesso à saúde, segurança e educação.

Apesar de tudo, há resistência. Cidades como Bangalore e Catmandu têm investido em soluções urbanas sustentáveis, sistemas de captação de água da chuva e programas de reflorestação.
Jovens activistas climáticos do Sul da Ásia ganharam destaque internacional em conferências das Nações Unidas, exigindo justiça climática e financiamento para adaptação.
Contudo, o Sul da Ásia precisa de mais do que boa vontade. Precisa de solidariedade global, tecnologia, investimento e, acima de tudo, acção.
A crise climática não conhece fronteiras, e ignorar o que ali se passa é fechar os olhos ao nosso próprio futuro.