Redação Portal ZangoNa região oriental da República Democrática do Congo (RDC), centenas de mineiros artesanais extraem coltan, um mineral essencial para a produção de dispositivos electrónicos modernos e tecnologias de defesa, em condições extremamente precárias.
Apesar do Congo ser um dos maiores produtores mundiais de coltan, com cerca de 40 por cento da produção global em 2023, mais de 70 por cento da população congolesa vive com menos de 2,15 dólares por dia.
A área tem sido assolada por conflitos, com o controlo das minas de Rubaya a alternar entre forças governamentais e grupos armados, incluindo os rebeldes do M23, apoiados pelo Ruanda.
Actualmente, o M23 controla as minas, taxando o comércio de coltan e exportando-o para o Ruanda, onde é contrabandeado através de uma cadeia de abastecimento global obscura.
Apesar da importância económica do coltan, os mineiros recebem salários irrisórios e enfrentam assédio e exploração.
Esforços dos Estados Unidos para garantir acordos minerais que apoiem iniciativas económicas e militares enfrentam desafios significativos, incluindo insegurança, défices de infra-estruturas e desconfiança entre o Congo e o Ruanda.
Além disso, a extração de coltan na RDC tem levantado preocupações significativas devido a graves violações dos direitos humanos e degradação ambiental.
A mineração descontrolada causa erosão do solo e polui lagos e rios, afectando a hidrologia e ecologia da região. A população de gorilas-do-oriente diminuiu drasticamente, com os mineiros a caçarem gorilas para alimentação devido à escassez de recursos.
A mineração de coltan também envolve frequentemente trabalho infantil e forçado. Estima-se que mais de 40 mil crianças e adolescentes trabalhem nas minas de coltan na RDC, enfrentando condições perigosas e exploração.
Apesar de leis e esquemas de certificação adoptados para combater o uso de trabalho infantil, a informalidade do sector extrativo continua a proporcionar oportunidades de trabalho atrativas para crianças vulneráveis.
A comunidade internacional tem tentado implementar sistemas de rastreabilidade para garantir que o coltan utilizado em dispositivos eletrónicos não provenha de zonas de conflito ou seja produzido de forma não ética.
Um desses processos envolve a criação de uma “impressão digital” elementar do coltan para determinar a sua origem. No entanto, este processo é caro e demorado, e a sua adaptação à indústria mineira da RDC tem sido difícil.
Em suma, enquanto o mundo depende do coltan congolês para alimentar a tecnologia moderna, os mineiros que extraem este recurso vital continuam a enfrentar condições de vida e de trabalho extremamente difíceis.
A disparidade entre a riqueza gerada pelo coltan e a pobreza dos mineiros destaca a necessidade urgente de soluções estruturais e políticas profundas para melhorar.
