Vivemos no tempo de gratificação imediata. Basta um clique para satisfazer um desejo, enquanto a paciência e o esforço se tornam virtudes raras. Assistir a um vídeo de dez minutos já parece uma eternidade, ler então é para esquecer.
Esperar na fila, assistir a um filme a preto e branco tornou-se um aborrecimento.
Esta realidade revela um problema sério: a crescente dificuldade em lidar com o desconforto e em adiar pelas recompensas. O impacto é evidente tanto nos adultos como nas crianças. A consequência? Uma geração com pouca resistência à frustração, baixa tolerância ao esforço e dificuldade em cumprir deveres.
Adiar responsabilidades tornou-se um hábito. Quantas vezes deixamos de cumprir tarefas que só nos beneficiariam a nós, como cuidar da saúde, estudar ou rezar, apenas porque “não apetece”? Se nós próprios cedemos à preguiça, como esperamos formar filhos diferentes?
Há pouco tempo, a minha irmã disse-me que consegue cumprir melhor as obrigações quando envolvem outras pessoas, mas adia constantemente quando são compromissos com ela mesma. E quantos de nós somos assim?

Este é um sinal claro de falta de autodisciplina e é precisamente essa capacidade que precisamos de trabalhar e ajudar as crianças a desenvolverem desde cedo.
A Palavra de Deus é directa: devemos fazer render os talentos que nos foram confiados (Mateus 25:14- 30). Fugir ao dever é desperdiçar os dons que o Senhor nos deu. E isso é grave. A vontade precisa de ser educada. Precisamos de formar filhos capazes de fazer o que é necessário mesmo quando não é fácil ou agradável. O exemplo começa em casa.
Não vale exigir das crianças aquilo que nós não vivemos. Se queremos filhos disciplinados, temos de ser adultos disciplinados. O nosso testemunho diário ensina mais do que mil palavras. Estabelecer uma rotina firme é essencial.
Crianças sem estrutura tornam-se adolescentes perdidos. A disciplina constrói-se nas pequenas coisas: arrumar os brinquedos, lavar a loiça, ajudar a pôr a mesa, organizar os materiais escolares. Estas tarefas não são favores nem castigos são deveres normais do dia-a[1]dia. Outro ponto-chave é valorizar o esforço mais do que o resultado. Devemos ensinar que há mérito em tentar, em persistir, em lutar.
Comer legumes, estudar, praticar desporto tudo isso exige renúncia, mas traz frutos duradouros. O prazer imediato é tentador, mas raramente é o melhor caminho. Importa também mostrar que todas as escolhas têm consequências. Se a criança opta por adiar o dever, deve perceber que isso implica perdas. Não é questão de castigo, é a mais pura e dura realidade. Só assim se constrói responsabilidade. Não podemos ter medo de exigir mais.
Crianças precisam de desafios reais. Precisam de ouvir “não”. Precisam de ser contrariadas para crescer. Têm de aprender que a vida é feita de esforço, não de conforto constante.
A escola tem um papel importante, sim. Mas a formação começa em casa. Quando pais e professores caminham na mesma direcção exigindo, corrigindo, motivando os resultados aparecem. Caso contrário, continuaremos a formar jovens frágeis, incapazes de lidar com a vida real.
Educar com firmeza não é falta de amor. É amor com responsabilidade. E é isso que precisamos neste tempo em que tudo é rápido, fácil e descartável. Formar filhos disciplinados é formar homens e mulheres livres, maduros e preparados para cumprir o propósito que o Nzambi lhes confiou.
Os putos aprendem com os passos dos kotas.
Por: Elisângela Chissamba.