Historiadores, sociólogos e comunicólogos nacionais e estrangeiros vão debater durante a realização da 8.ª edição do Festival Internacional da Cultura Kongo (Festikongo), a decorrer de 2 a 8 de Julho, na cidade histórica de Mbanza Kongo, o “Contributo e existência do espaço Kongo”, no âmbito dos 50 anos da Independência Nacional.
Património Mundial da Humanidade reconhecido pela UNESCO,o festival reúne especialistas de renome provenientes de Angola, República Democrática do Congo, Congo-Brazzaville, Gabão e Brasil, para uma reflexão profunda sobre o passado, o presente e as heranças culturais do povo Kongo.
Nesta edição, o Festikongo insere-se nas celebrações dos 50 anos da Independência de Angola, procurando recuperar e reafirmar a importância do Reino do Kongo como berço de civilização e estrutura política sofisticada anterior à chegada dos europeus.
O festival abre espaço a debates sobre o papel das figuras históricas kongo no fortalecimento da identidade africana, evocando nomes como Nsaku Ne Vunda, o primeiro embaixador africano junto do Vaticano e Kimpa Vita, a profetisa que tentou restaurar a unidade espiritual do reino no século XVIII.
Igualmente enaltecido é o legado de D. Afonso I, que manteve contacto directo com a monarquia portuguesa, e de D. Henrique, nomeado bispo de Útica em 1518, evidenciando a integração precoce do povo Kongo no mundo cristão.
A programação inclui mesas-redondas, ciclos de conferências, exibições artísticas e uma feira cultural de grande escala, a Expo Kongo 2025, onde estarão expostos produtos da economia local, da gastronomia tradicional e do artesanato típico da região.
A diversidade cultural manifesta-se também nos espectáculos musicais e nas actividades desportivas que envolvem a juventude local. Um momento de elevada carga simbólica será o culto ecuménico em homenagem a Kimpa Vita, promovendo o reencontro entre a espiritualidade ancestral e o cristianismo contemporâneo.
O Festikongo não é apenas um evento festivo. É, sobretudo, um espaço de resgate histórico e de construção de consciência nacional. Ao trazer à luz memórias que durante muito tempo foram silenciadas ou esquecidas, o festival contribui para uma leitura mais plural da história de Angola, inserindo o país num diálogo amplo com outros povos e regiões partilhando raízes comuns.
A cidade de Mbanza Kongo, capital do antigo império, transforma-se por alguns dias num centro de reflexão, inspiração e celebração daquilo que une e fortalece as identidades africanas. A iniciativa é um lembrete de que o passado, quando reconhecido e valorizado, pode ser um recurso poderoso na edificação de um futuro mais justo e consciente.