O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse nesta quinta-feira (10), que se não for encontrada uma solução para as taxações anunciadas por Donald Trump ao Brasil até o próximo dia 1º de Agosto, a Lei da Reciprocidade será aplicada.
“O Brasil utilizará a Lei da Reciprocidade quando for necessário. (…) Se não houver solução, vamos entrar com reciprocidade a partir de 1º de Agosto”, disse o presidente em entrevista ao Jornal Nacional da TV Globo.

Lula ressaltou que não toma decisão de cabeça quente e que, por isso, antes disso, acionará a OMC (Organização Mundial do Comércio) para entender quais os melhores caminhos a serem seguidos nessas alturas.
“Primeiro, eu não perco a calma e não tomo decisão com 39 graus de febre, vamos usar a reciprocidade e acionar a OMC. O Brasil utilizará a Lei da Reciprocidade quando for necessário e o Brasil vai tentar, junto a OMC e com outros países, fazer com que a OMC tome uma posição pra saber quem está certo, quem está errado”, explicou.
O mandatário disse que quer se reunir com todos os exportadores que poderão ser afectados por essa medida para “ver qual a situação deles” para, a partir daí, “fazer todo o processo de negociação que precisa ser feito”.
Lula cobrou respeito de Donald Trump e disse que, se o presidente norte-americano decidir “ficar brincando de taxação”, essa situação vai ser “infinita”.
“O que o Brasil não aceita é intromissão. Ele tem direito de tomar a decisão em defesa do país dele, mas com base na verdade, se alguém orientou ele com uma mentira de que os Estados Unidos é deficitário com o país, mentiu”, completou.
Lula da Silva também afirmou ter pensado que a carta de Trump a anunciar a tarifa sobre produtos do Brasil era um material apócrifo, acrescentou que se o governante norte-americano conhecesse o Brasil “teria mais respeito” e citou os 201 anos de relações diplomáticas do país sul-americano com os Estados Unidos.
Trump anunciou na quarta-feira uma tarifa adicional de 50 por cento sobre as importações do Brasil, a partir de 1.º de Agosto.
O principal motivo da sanção, segundo o líder norte-americano, é “a forma como o Brasil tem tratado o ex-Presidente Jair Bolsonaro”, que está a ser processado no Supremo Tribunal Federal por suposta tentativa de golpe de Estado após perder as eleições de 2022 para o actual Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva.
Numa carta enviada ao Governo brasileiro, Trump também alegou que a relação comercial entre as partes é “muito injusta”, marcada por desequilíbrios gerados por “políticas tarifárias e não-tarifárias e pelas barreiras comerciais do Brasil”.