O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em entrevista ao jornal The New York Times, que espera ser tratado com respeito por Donald Trump e acusou o político republicano de ignorar as tentativas de diálogo feitas pelo Brasil.
As declarações foram divulgadas nesta quarta-feira 30 e marcam a primeira entrevista de Lula ao jornal norte-americano.”Tenha certeza de que estamos a tratar isso com a máxima seriedade. Mas seriedade não exige subserviência”, disse Lula ao jornal.

“Eu trato todos com grande respeito. Mas quero ser tratado com respeito”, cobrou o Presidente brasileiro. A cobrança surge em meio ao anúncio de Trump de que, a partir de sexta-feira, 1 de Agosto, entrarão em vigor tarifas de 50 por cento sobre produtos importados, percentual que atinge também o Brasil e está entre os mais altos do mundo.
O presidente Lula reagiu às tarifas impostas pelo governo Trump ao Brasil, demonstrando preocupação com os impactos da decisão sobre os consumidores dos dois países.
Segundo ele, “brasileiros e americanos não merecem ser vítimas da política”, afirmando que, se a medida tem relação com o processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, trata-se de uma injustiça para os povos envolvidos.
Lula afirmou que a diplomacia brasileira tentou abrir canais de comunicação com Washington, sem sucesso. “Designei o meu vice-presidente [Geraldo Alckmin], o meu ministro da Agricultura e Pecuária, [Carlos Fávaro], o meu ministro da Fazenda [Fernando Haddad], para que cada um pudesse conversar com seu homólogo”, relatou.
A única resposta, segundo o Presidente, veio em forma de anúncio público no site oficial de Trump, formalizando as tarifas. Para Lula, o tom da comunicação revela falta de disposição para o diálogo por parte dos Estados Unidos.
Ele reforçou que o Brasil buscará defender os seus interesses com firmeza, mas sem subserviência. “O Brasil negociará como um país soberano”, declarou. O presidente também rebateu críticas sobre o seu posicionamento directo em relação a Trump, negando qualquer receio de retaliação. “Não há motivo para ter medo”, disse.
Questionado sobre os possíveis efeitos das tarifas, Lula comparou a situação ao temor do bug do milênio, em 1999. “Não estou dizendo que nada vai acontecer, mas temos que esperar o Dia D para saber.”
O presidente reforçou que respeita a soberania norte-americana, mas espera o mesmo tratamento em relação ao Brasil.
O Presidente brasileiro revelou estar pronto para buscar novos mercados, mencionando a China como alternativa relevante.“Se os Estados Unidos não quiserem comprar algo nosso, vamos procurar alguém que queira. Nem o meu pior inimigo poderia dizer que Lula não gosta de negociar”, completou.