O Ministério Público da República Democrática do Congo (RDC) solicitou, nesta sexta-feira, ao Supremo Tribunal Militar, a condenação à pena de morte do ex-presidente Joseph Kabila, acusado de “crimes de guerra, traição e organização de um movimento insurrecional”.
De acordo com a acusação, o general Lucien René Likulia, representante do Ministério Público, pediu ainda penas adicionais de 20 anos de prisão por “apologia de crimes de guerra” e 15 anos por “conspiração”. O julgamento decorre à revelia, uma vez que Kabila se encontra fora do país há mais de dois anos.

O antigo chefe de Estado esteve, no final de Maio, em Goma, cidade localizada no leste da RDC e sob controlo do grupo armado M23, apoiado pelo Ruanda, segundo Kinshasa. Durante a visita, Kabila reuniu-se com representantes políticos e membros da sociedade civil, tendo declarado que a sua presença visava “contribuir para o retorno da paz” à região.
As autoridades congolesas, porém, acusam o ex-presidente de cumplicidade com o M23, organização que nos últimos anos intensificou os confrontos armados no leste do país, provocando deslocações massivas de civis e agravando a crise humanitária.
O processo contra Joseph Kabila marca um dos episódios mais tensos da política congolesa recente, trazendo à tona a fragilidade da reconciliação nacional e o peso das divisões internas em torno da segurança no leste da RDC.