A Embaixada dos Estados Unidos em Ouagadougou, Burkina Faso, anunciou recentemente uma mudança significativa na sua política de concessão de vistos temporários. A partir de agora, cidadãos burquinabes não poderão mais solicitar vistos para os EUA no seu próprio país.
Todos os pedidos de vistos de rotina — incluindo para turismo, estudo e outras finalidades — deverão ser feitos na Embaixada dos EUA em Lomé, Togo. Apenas vistos diplomáticos e oficiais continuarão a ser processados em Ouagadougou.
A decisão ocorre num momento de crescentes tensões diplomáticas entre os dois países. O governo do Burkina Faso recusou-se a aceitar cidadãos deportados pelos EUA, considerados imigrantes ilegais.

O Ministro das Relações Exteriores classificou a proposta norte-americana de repatriamento como “indecente” e reafirmou a soberania do país, afirmando que o Burkina Faso é “uma terra de dignidade e hospitalidade, e não um território para deportações”.
Segundo analistas, a suspensão dos serviços consulares e a exigência de deslocamento ao Togo podem ser interpretadas como uma forma de pressão diplomática por parte dos EUA.
A medida insere-se num contexto mais amplo: desde Julho de 2025, os Estados Unidos deportaram dezenas de cidadãos africanos para países como Burkina Faso, Eswatini, Sudão do Sul, Ruanda, Gana e Uganda, por vezes oferecendo incentivos financeiros aos governos locais.
A decisão gerou forte repercussão política e é vista como um teste à soberania burquinabe diante de pressões externas. O governo afirmou que manterá sua posição e continuará a defender a dignidade e os direitos dos seus cidadãos.
