Os militares no Madagáscar anunciaram, na terça-feira, a tomada do poder, um dia após a destituição do presidente Andry Rajoelina, na sequência de semanas de intensos protestos populares contra o Governo.
A acção levou a União Africana (UA) a suspender o país de todos os seus órgãos “até que a ordem constitucional seja restaurada”.
O movimento foi liderado pelo coronel Mickaël Randrianirina, comandante da unidade de elite Corpo de Administração de Pessoal e Serviços do Exército Terrestre (CAPSAT), a mesma que ajudou Rajoelina a chegar ao poder.
Desta vez, porém, Randrianirina e os seus soldados aderiram às manifestações populares, exigindo a saída do chefe de Estado.
Em comunicado divulgado nas redes sociais por uma estação de televisão estatal, os governantes militares informaram que Randrianirina será empossado como Presidente no próximo 17 de Outubro, durante uma cerimónia solene no Tribunal Constitucional.
O líder do golpe adiantou ainda que a nova administração nomeará brevemente um primeiro-ministro para formar Governo, sem, contudo, definir um prazo.

O presidente Andry Rajoelina, que se encontrava no poder desde 2018, afirmou ter fugido para um local seguro após a rebelião, justificando o gesto com o receio pela sua vida.
O ex-chefe de Estado denunciou o movimento como uma “tentativa ilegal de golpe” conduzida por uma facção rebelde das forças armadas.
Na véspera, Rajoelina havia dissolvido a Assembleia Nacional na tentativa de impedir a sua destituição, mas 130 dos 163 deputados votaram a favor da sua demissão, superando a maioria qualificada de dois terços exigida pela Constituição.
Segundo o Banco Mundial, cerca de 75 por cento dos 30 milhões de habitantes do país vivem em situação de pobreza. A corrupção, o custo de vida elevado e a falta de acesso à educação superior estão entre as causas que alimentaram a contestação social.
A União Africana, que já suspendeu outros países após golpes militares, como Mali, Burkina Faso e Guiné, apelou ao regresso à legalidade constitucional e ao respeito pelos princípios democráticos no arquipélago do Oceano Índico.

