RedacçãoO coronel Michael Randrianirina foi empossado nesta sexta-feira como novo Presidente de Madagáscar, após um golpe de Estado militar que depôs o chefe de Estado, Andry Rajoelina.
A cerimónia de juramento decorreu perante o Alto Tribunal Constitucional na capital, Antananarivo. Randrianirina, que comanda o Corpo de Administração de Pessoal e Serviços do Exército Terrestre (CAPSAT), afirmou durante o seu discurso que não tomou o poder à força, mas que este lhe foi “transferido para garantir a estabilidade e a segurança nacional”, depois da fuga de Rajoelina do país.
O golpe ocorreu após três semanas de intensos protestos populares, causados por apagões, cortes de água e agravamento das condições de vida, especialmente nas grandes cidades.
A instabilidade social culminou com a intervenção das Forças Armadas, que anunciaram a suspensão da Constituição e assumiram o controlo temporário do governo.
O paradeiro de Andry Rajoelina, que governava desde 2019, permanece desconhecido, embora fontes locais indiquem que o ex-presidente abandonou a ilha por motivos de segurança.
A comunidade internacional condenou o golpe, com a União Africana a suspender a participação de Madagáscar nos seus órgãos até que a ordem constitucional seja restaurada. As Nações Unidas também manifestaram “profunda preocupação” com a situação política no arquipélago.
Madagáscar já viveu outros três golpes de Estado desde a independência — em 1972, 1975 e 2009. O mais recente, há 16 anos, foi igualmente liderado por militares do CAPSAT, e acabou por levar o próprio Rajoelina ao poder, num curioso revés da história política malgaxe.
Com uma população de cerca de 30 milhões de habitantes, o país enfrenta agora novas incertezas políticas e económicas, enquanto a junta militar promete organizar eleições “livres e inclusivas” num futuro próximo.
