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Ghana Retira Inglês como Língua de Instrução no Ensino Primário

O Governo do Gana anunciou que o inglês deixará de ser a língua de instrução nas fases iniciais do ensino primário, passando a ser obrigatório o uso das línguas locais do país desde o jardim-de-infância até à terceira classe.

A medida, confirmada pelo Ministério da Educação, visa facilitar a compreensão das matérias e melhorar o desempenho escolar, partindo do princípio de que as crianças aprendem melhor quando são ensinadas na língua que falam em casa.

Apesar de alguma confusão inicial sobre o alcance da medida, a política aplica-se apenas às escolas públicas até à terceira classe, sendo o inglês retomado a partir da quarta classe.

Especialistas e professores consideram a decisão um avanço para o ensino inclusivo, mas alertam para desafios como a escassez de materiais didáticos e a formação insuficiente dos docentes para as diversas línguas locais.

O Gana é um país de grande diversidade linguística, com mais de 70 línguas faladas e cerca de 11 oficialmente reconhecidas para fins educativos e de radiodifusão, incluindo akan (twi e fante), ewe, ga, dagbani, nzema e gonja.

Em regiões urbanas como Acra e Kumasi, a diversidade é ainda maior, o que torna difícil estabelecer uma “língua local dominante” por escola.

Uma política semelhante foi tentada no início dos anos 2000, mas fracassou devido à falta de apoio e à resistência de pais, que temiam uma queda na proficiência em inglês dos filhos.

A decisão do Gana insere-se num debate mais amplo sobre o papel das línguas africanas na educação.

Países como a Tanzânia e a Etiópia há muito promovem o ensino na língua materna, com resultados mistos. Na Tanzânia, o suaíli serve como língua unificadora, facilitando a implementação da política. Já em países mais diversos, como Nigéria, Quénia e Camarões, a execução tem sido desigual.

O Gana, uma das democracias mais estáveis de África, dá agora um passo firme para redefinir a educação nos seus próprios termos.

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