Por: Redação Portal Zango
No desporto, os atletas negros têm de superar uma longa lista de obstáculos, que vão desde a desigualdade e barreiras estruturais até à discriminação explícita. Embora muitos jogadores africanos ou descendentes tenham alcançado feitos históricos no futebol, eles continuam a sofrer ataques racistas e falta de respeito fora de campo.
O recente caso de Lamine Yamal, o jovem atacante espanhol de 17 anos com ascendência equato-guineense e marroquina, é um exemplo claro desta realidade. Durante um clássico em 26 de outubro de 2024, Yamal foi alvo de abusos xenófobos e racistas, demonstrando que o racismo no desporto ainda persiste de forma alarmante, mesmo em pleno século XXI. Este episódio é apenas mais um de muitos casos semelhantes que ocorrem em diversas ligas pelo mundo.
A luta contra o racismo no futebol não é nova. Em 2011, o famoso lateral brasileiro Roberto Carlos foi alvo de insultos racistas por parte da torcida do Krylya Sovetov, na Rússia, que lhe atirou uma banana durante um jogo. Em protesto, Roberto Carlos abandonou o campo. Em 2015, Hulk, então jogador do Zenit, também foi vítima de sons imitando macacos durante uma partida, um episódio lamentável que só reforça a necessidade de um combate efetivo à discriminação racial.
Recentemente, em 2024, a Federação Francesa de Futebol recorreu à Fifa e à Associação de Futebol da Argentina, após a divulgação de um vídeo em que jogadores argentinos entoavam músicas racistas contra atletas da seleção francesa, após a conquista do título da Copa América. Este episódio, que ganhou grande repercussão nas redes sociais, é mais um exemplo da banalização do racismo no desporto.
Ainda mais próximo de casa, em Portugal, o futebol também tem sido palco de episódios de racismo, como o caso envolvendo o internacional português Pepe, em 2020. Durante um jogo entre o FC Porto e o Famalicão, o capitão dos portistas alegou que o jogador argentino do Famalicão, Colombatto, o teria chamado de “mono”, um insulto racista em castelhano. O episódio gerou grande comoção e, embora o árbitro não tenha ouvido a ofensa, Pepe registou queixa junto da polícia. O incidente evidenciou o impacto do racismo no ambiente desportivo e a necessidade de medidas mais eficazes para combatê-lo.
Reflexão no Dia da Consciência Negra
Hoje, 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, é um momento para refletirmos sobre a persistência do racismo em todas as esferas da sociedade, incluindo no desporto. A luta de atletas negros, como Lamine Yamal, Roberto Carlos, Hulk e Pepe, é a mesma luta de muitos outros que enfrentam discriminação e ataques simplesmente por causa da cor da sua pele.
É essencial que, como sociedade, enfrentemos e repudiemos estas práticas racistas, que continuam a marginalizar e a ferir a dignidade dos indivíduos. O desporto deve ser um espaço de inclusão, respeito e igualdade, onde todas as pessoas, independentemente da sua cor, origem ou cultura, possam viver a sua paixão sem serem vítimas de preconceito.
Neste Dia da Consciência Negra, unimo-nos para reafirmar a importância da luta contra o racismo e pela igualdade racial. Que este dia nos inspire a continuar a trabalhar por um mundo mais justo, onde o respeito, a tolerância e a igualdade sejam os pilares que sustentam as nossas ações, dentro e fora dos campos de futebol.
A discriminação racial não pode ser normalizada. É tempo de agirmos, de denunciar e de repudiar o racismo em todas as suas formas. O desporto, como reflexo da sociedade, deve ser um exemplo de como a convivência harmoniosa entre diferentes culturas e etnias é possível e desejável.
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