Por: Redação Portal Zango
A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder) confirmou hoje a presença do candidato presidencial Daniel Chapo na reunião agendada pelo Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, com os outros quatro candidatos que concorreram às eleições, para discutir o momento pós-eleitoral.
“O candidato presidencial Daniel Francisco Chapo, apoiado pela Frelimo, confirma a sua participação no referido encontro, reafirmando o seu compromisso na promoção da estabilidade política no país”, anunciou a Frelimo.
Também o candidato presidencial Ossufo Momade, líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), aceitou o convite do Presidente da República, Filipe Nyusi, para participar nesta reunião, desde que estejam presentes todos os quatro candidatos que concorreram, anunciou no domingo o maior partido da oposição.
A decisão foi tornada pública pelo porta-voz da Renamo, Marcial Macome, após uma reunião da comissão política do partido, realizada no domingo em Maputo. Contudo, a Renamo sublinhou que a reunião só terá validade se contar com todos os candidatos presentes.
“Este encontro só faz sentido na presença de todos os candidatos”, disse Marcial Macome, embora tenha admitido que, por questões de segurança, algum candidato possa participar de forma remota.
De acordo com o porta-voz da Renamo, o partido leva à reunião, entre os “principais pontos”, a “anulação” do processo eleitoral relacionado com as eleições gerais de 9 de outubro, alegando várias irregularidades, e que “todos os candidatos reconheçam que este processo não foi livre, nem justo, muito menos transparente”.
O candidato Lutero Simango, líder do Movimento Democrático de Moçambique (MDM, o segundo maior partido da oposição), que já pediu a anulação das eleições gerais e a repetição da votação, com os mesmos argumentos, também confirmou a sua participação no encontro, desde que todos os candidatos estejam presentes.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane exigiu, na sexta-feira, a eliminação imediata dos processos judiciais de que é alvo, movidos pelo Ministério Público moçambicano, e a sua participação por meios virtuais como condição para participar no encontro.
No documento submetido à Presidência da República e à Procuradoria-Geral da República (PGR), contendo termos de referência e propostas de agenda, Mondlane condicionou a reunião agendada para terça-feira, entre o chefe de Estado e os quatro candidatos presidenciais, à “libertação de todos os detidos no âmbito das manifestações” que ele próprio convocou, pedindo na sequência “garantias de segurança política e jurídica para os actores e intervenientes no diálogo”.
“É imprescindível a reposição imediata dos direitos fundamentais e liberdades ora limitadas em face de ilegais, parciais e imorais processos judiciais movidos pela PGR. Tal culminou com o bloqueio das suas contas bancárias, ordens de prisão decretadas, com presunção de mandados de busca e captura”, afirmou Mondlane.
O chefe de Estado moçambicano convidou os candidatos às presidenciais de outubro para uma reunião a ser realizada hoje, 26 de novembro, para “discutir a situação do país no período póseleitoral”.
A reunião terá lugar no gabinete de Filipe Nyusi, em Maputo, às 16:00, envolvendo os candidatos Daniel Chapo, Venâncio Mondlane, Lutero Simango e Ossufo Momade.
Mondlane, que rejeita os resultados anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que ainda têm de ser validados pelo Conselho Constitucional, apontando várias irregularidades ao processo eleitoral, rejeita um diálogo “à porta fechada” e com “segredos”.
O candidato presidencial contesta a atribuição da vitória a Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frelimo, com 70,67% dos votos, segundo os resultados anunciados em 24 de outubro pela CNE.
Moçambique atravessa uma crise pós-eleitoral, com manifestações de rua que já resultaram em dezenas de mortos, convocadas pelo candidato Venâncio Mondlane.