As antigas piscinas de São Paulo, em Almada (Portugal), vão receber a exposição do artista angolano Kiluanji Kia Henda intitulada “O Som é o Monumento”, que vai estar patente a partir deste Sábado e até 15 de Novembro de 2025.
Segundo a Câmara Municipal de Almada (CMA), no distrito de Setúbal, este projecto desenvolve-se a partir do Monumento aos Mortos da Grande Guerra, em Luanda – também conhecido como Maria da Fonte -, uma estátua erguida em 1937, que se destacou como uma das maiores construções da presença portuguesa em África.
“O monumento foi dinamitado em 1976, um ano após a independência de Angola, resultando na dispersão de grandes blocos de pedra esculpida, embora o pedestal original tenha permanecido intacto”, lembrou a autarquia, em comunicado.
Kiluanji Kia Henda cria uma série de colagens digitais a partir de imagens documentais dos fragmentos do monumento e dos soldados angolanos e cubanos que participaram na sua destruição, que dão origem a um conjunto de oito posters de bandas musicais fictícias, impressos em escala monumental.
No centro da piscina principal está instalada a obra “O Som é o Monumento” um plinto geométrico que reinterpreta a forma de um pedestal, transformando-o numa caixa acústica.
A autarquia explica que esta estrutura é utilizada para a difusão de um repertório de músicas angolanas, que constroem contranarrativas sonoras ao discurso colonial e imperialista, afirmando a música como veículo de memória, identidade e insurgência cultural.

A exposição fica patente até 15 de Novembro de Quinta a Sábado, das 14h00 às 18 horas.
Kiluanji Kia Henda é um artista multidisciplinar, que vive e trabalha em Luanda, com uma prática artística centrada na arte como instrumento de transmissão e reconstrução histórica, através de diversos meios como a fotografia, o vídeo, a performance, a instalação, a escultura, a música e o teatro de vanguarda.
Kiluanji Kia Henda é também co-fundador da KinoYetu, uma associação sediada em Luanda dedicada à promoção das artes, com especial ênfase no cinema.
O trabalho de Kiluanji Kia Henda tem sido incluído ou comissariado por diversas instituições e eventos de prestígio a nível internacional.
O seu projecto “Plantação”, constituído por centena de canas-de-açúcar em alumínio, o “ouro branco” que esteve nas origens do tráfico de pessoas escravizadas, foi escolhido como Memorial às Pessoas Escravizadas a instalar em Lisboa, no âmbito do Orçamento Participativo de 2017.