As propinas nas instituições de ensino superior privadas em Angola registarão um aumento significativo para o próximo ano académico, elevando-se até 20,74 por cento sobre os valores actuais.
Este reajuste, o terceiro consecutivo a acompanhar a taxa de inflação homóloga de Maio, aplica-se como referência para os ajustes anuais, e promete apertar ainda mais o orçamento das famílias angolanas, que relança o debate sobre a sustentabilidade e a acessibilidade ao ensino superior no país.
A medida, que já era antecipada, ganha agora contornos mais definidos com algumas universidades a anunciarem os seus planos de reajuste.
Na Universidade Metodista, por exemplo, há cursos com propinas previstas de 79 mil 446 Kwanzas, o que representa um aumento de cerca de 21 por cento – ligeiramente acima do limite máximo permitido pelo decreto.

A justificação para estes aumentos, de acordo com as instituições, prende-se com a necessidade de fazer face aos crescentes custos operacionais, à valorização dos recursos humanos, aos investimentos em infra-estruturas e tecnologia, e à inflação persistente que afecta o país. No entanto, a realidade para as famílias é cada vez mais dura.
Com o ensino superior público a ter vagas limitadas, as instituições privadas tornam-se, muitas vezes, a única alternativa para a formação académica.
Este cenário, aliado aos aumentos consecutivos das propinas, pode transformar o acesso à educação de qualidade numa barreira intransponível para uma parcela significativa da população.
Associações de estudantes e de defesa do consumidor já manifestaram a sua apreensão. A ausência de mecanismos de apoio social eficazes, como bolsas de estudo ou linhas de crédito acessíveis, agrava ainda mais a situação.
A expectativa é que, com a divulgação dos novos preços, o clamor por soluções que garantam a equidade no acesso ao ensino superior se intensifique, e força um diálogo mais profundo entre as instituições, o governo e a sociedade civil sobre o futuro da educação em Angola.