A performance “Congolândia – Universo em Desencanto”, do artista angolano Thó Simões, foi um dos destaques da terceira edição internacional do Festival MATE (Música, Arte, Tecnologia e Educação), realizado recentemente na cidade de Coimbra, Portugal.
A obra utiliza a performance como um espaço de reflexão sobre as culturas ancestrais africanas no presente, mesclando pintura corporal, símbolos tradicionais e linguagens contemporâneas, além de criação, experimentação e pensamento crítico.
A pintura corporal, listras, curvas e círculos evocam referências aos Mursi da Etiópia e aos símbolos adinkra da África Ocidental, enquanto o uso de pixo nos corpos dos performers propõe “mensagens híbridas” de resistência às normas colonizadoras e às adulterações históricas que moldaram corpos e linguagens.
A performance “Congolândia” destacou-se pela coerência entre forma, conteúdo e execução ao vivo, segundo Eron Quintiliano, que sublinhou o equilíbrio do processo curatorial entre originalidade, relevância cultural, viabilidade técnica e diversidade geográfica.
Participaram da apresentação o artista multifacetado Massokolo Bokolo, a bailarina Ngangula e o percussionista Maurício Pedro, todos residentes em Portugal.
O evento contou ainda com obras de criadores africanos, além de workshops, feira e mercado criativo (artesãos, designers, marcas, lojas de discos, editoras e tecnologia aplicada à música).
De acordo com o responsável, esta foi a primeira presença africana no MATE, sendo a participação angolana particularmente simbólica, pelo lugar de Thó Simões e pelo diálogo com a diáspora em Portugal.
Fundado em 2016, em Porto Alegre (Brasil), o MATE internacionalizou-se em Coimbra a partir de 2023. É um evento que tem permitido a circulação de artistas entre Portugal, Brasil, América Latina e PALOPs, gerando coproduções e itinerâncias.

