Redação Portal ZangoPor: Redação Portal Zango
A versão da polícia afirma que Odair tentou atacar agentes com uma faca antes de ser baleado, mas os polícias envolvidos desmentem essa abordagem. Os moradores reagiram à sua morte incendiando caixotes do lixo e autocarros, e os distúrbios alastraram-se por toda a Grande Lisboa. Para sábado, estão agendadas duas manifestações ao mesmo tempo, ambas com o mesmo destino uma a favor da polícia e outra contra a violência policial nos bairros.
Tudo começou com um comunicado na manhã de segunda-feira, informando sobre a morte de um homem de 43 anos que foi baleado por um agente da polícia na Cova da Moura durante a madrugada.
Em menos de quatro dias, a morte de Odair Moniz por um agente da PSP no Bairro do Zambujal levou a conflitos e tumultos por toda a Grande Lisboa. Surgiram diferentes relatos sobre o que aconteceu antes dos disparos fatais, houve uma reunião entre os autarcas e o Governo, foram organizadas duas manifestações e muitos comentários extremos surgiram sobre o caso, tanto da esquerda como da direita.
Os moradores do bairro descrevem Odair como uma pessoa de “bom coração que adorava crianças”. Já do lado de fora, é visto como um “assaltante que ameaçava pessoas com uma faca”.
André Tavares Rodrigues, psicólogo social e professor de psicologia, afirma que os casos de violência resultam do descontentamento que existe nas comunidades. Este descontentamento está relacionado com questões como a pobreza, a falta de apoio à saúde mental, o tráfico de drogas e os bairros sociais.
Essa análise reflete a indignação expressa por José Falcão, ativista da associação SOS Racismo. “A origem dessa violência está no Estado. É a maneira como a polícia vê e trata estas pessoas. O que acende essa situação são todas as frustrações que as pessoas enfrentam nos bairros e a forma como são tratadas. A falta de transportes públicos à noite e o isolamento a que estão sujeitas contribuem para isso. Estas pessoas sentem-se desprezadas na escola, muitas vezes são afastadas da escola. Por quê? Porque as escolas enfrentam muitos problemas, e a culpa não recai sobre os professores. O que falta é investimento do Estado na Educação. As pessoas estão a ser marginalizadas”.
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