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Os Cegos Do Poder: Quando Ser é Menor Que Estar

Por: Mona Kisola Dya NZAMBI

A ambição é uma força poderosa. Não tão poderosa quanto o PODER, de facto! Na nossa África, como em qualquer outro lugar do mundo, ela impulsiona jovens brilhantes a ultrapassarem obstáculos, enfrentarem as adversidades de sistemas sociais muitas vezes injustos e ascenderem a posições de chefia. Há entretanto uma sombra que acompanha essa ascensão: a cegueira pelo poder.

Pelas esquinas da nossa história, já vimos muitos exemplos de líderes que, ao alcançar o topo, esquecem-se das suas origens. O africano em cargos de chefia, infelizmente, tem uma tendência peculiar de se perder na sua própria importância, agindo como se o “estar” fosse sinónimo eterno de “ser”. A questão é: será que alguém pode dizer a esses fulanos que os cargos acabam e a vida continua? E o fim da vida, existe! O buraco é fundo para todos, e cobre-se sempre com areia. Por mais cara que seja a caixa…!

Acontece que o problema não está em assumir uma posição de liderança. Pelo contrário, a liderança é necessária e deveria ser exercida com excelência. O desafio está em como esses indivíduos passam a olhar para eles e a tratar os outros. De repente, o título parece mais importante que o trabalho realizado. O sorriso amigável se transforma num tom autoritário, e a porta que antes se abria para todos, agora se fecha selectivamente.

O que eles esquecem, ou pelo menos fingem esquecer, é que os cargos não são sobre ser, mas sobre estar. Estar é transitório, é passageiro. O tempo, implacável como sempre, chega para todos. E quando as cortinas do poder se fecham, o que resta?…

A memória dos gestos e decisões tomadas durante o exercício da liderança, talvez.. Se alguém conhecer mais alguma coisa, que me diga!

A boa chefia deve ser medida pelo impacto positivo que se deixa àqueles que estiveram sob seu comando. Um chefe que oprime, humilha e se perde em vaidades deixa para trás apenas ressentimento. Já aquele que lidera com sabedoria e humildade permanece no coração das pessoas mesmo depois de deixar o cargo.

E a cultura africana é isso. O respeito sagrado pelos anciãos, pelos líderes e pelos sábios. Mas o respeito que deve ser construído por alicerces de ética e integridade, e nunca imposto pela força ou pelo medo. É importante lembrarmos que, assim como o vento apaga a chama de uma vela, o poder mal exercido apaga o respeito.

De outro modo, é muito urgente lembrar que as cadeiras de chefia não são tronos, mas sim bancos emprestados. A lição, afinal, é simples: o que define um bom líder não é o quanto ele é servido, mas o quanto ele serve. Que esses “cegos do poder” abram os olhos antes que seja tarde.

Porque, no fim, a vida continua. E o que resta é apenas o eco das escolhas feitas. Bem, mais só quem está pronto para esse tema poderá se rever. Quanto as almas sujas, bem… Essas vamos deixar para o Poderoso!

Escrito Por
Redação Portal Zango
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