O porta-voz da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), Dom Belmiro Chissengueti, afirmou nesta sexta-feira, 28 de Fevereiro, durante o encerramento da primeira Assembleia Plenária dos Bispos de 2025, que os 50 anos de Independência devem ser uma oportunidade para reforçar a reconciliação nacional, promover o perdão e construir um futuro mais inclusivo e pacífico.
Belmiro Chissenguete disse, em Luanda, que a ocasião deve servir para fortalecer os laços entre os angolanos, independentemente das diferenças políticas, sociais e culturais, e evitar discursos de ódio que possam reabrir feridas do passado.
“Os 50 anos de Independência não devem ser apenas uma celebração histórica, mas sim um momento de reflexão e compromisso com a unidade nacional. Precisamos olhar para o futuro com esperança e promover uma cultura de paz, perdão e reconciliação”, sublinhou.
O prelado destacou a necessidade deste jubileu ser acompanhado por medidas concretas, como o perdão de dívidas e a libertação de presos, especialmente aqueles condenados por crimes de menor gravidade.
“O jubileu é um tempo de renovação e misericórdia, por isso é fundamental que este marco histórico seja vivido como um novo recomeço para Angola, nos valores da justiça social e da solidariedade”, acrescentou.
Dom Belmiro Chissengueti reafirmou o compromisso da Igreja na promoção da coesão e da paz social, defendendo a regularização da Segurança Social do Clero, dos religiosos e dos trabalhadores das instituições da Igreja Católica.
“Para a Conferência Episcopal, garantir estabilidade a esses agentes que prestam um serviço fundamental à sociedade é um passo essencial para o fortalecimento da missão pastoral”, evocou.
O religioso alertou para os impactos negativos da destruição ambiental e incentivou a adopção de políticas públicas que priorizem o equilíbrio ecológico e o desenvolvimento sustentável, reforçando o papel das comunidades locais na preservação do meio ambiente.
Segundo Dom Belmiro Chissengueti, há uma necessidade urgente de o país repensar um modelo eficiente de candidatura aos sectores da Saúde e Educação, garantindo que os candidatos admitidos permaneçam nas localidades onde são destacados.“Temos um cenário em que muitos profissionais assinam contratos, começam a receber salários, mas acabam por não comparecer nos seus postos de trabalho.
Isso compromete gravemente a prestação de serviços essenciais nas zonas mais afastadas do país, então precisamos priorizar aqueles que têm verdadeiro compromisso com o desenvolvimento dessas comunidades”, ressaltou.
O prelado sugeriu que sejam criados mecanismos que incentivem a permanência dos profissionais nas áreas mais carentes, bem como políticas de formação para que as populações locais tenham acesso a concursos públicos e possam contribuir para o progresso das suas comunidades.Dom Belmiro Chissengueti destacou a necessidade de expandir o número de dioceses no país, para uma presença mais próxima e efectiva da Igreja junto das comunidades.
O religioso explicou que, em algumas regiões, as sedes diocesanas se encontram muito distantes das populações, dificultando o trabalho pastoral e social.
“A criação de novas dioceses permitirá um acompanhamento mais próximo dos fiéis, para assegurar que a Igreja cumpra plenamente a sua missão de evangelização e assistência social”, disse, acrescentando que o Papa Francisco tem insistido na importância de uma Igreja próxima do povo, e esse “é um caminho que queremos seguir”.

